vazio de valores?!
ensino em portugal
tenho andado algo fora deste mundo. aos poucos vou sintonizando-me. e, embora achasse difícil, surpreendendo-me.
como, como raio saia para o exterior o enunciado de um exame nacional?!
como raio uma jovem, sem problema algum, partilha publicamente no whatsapp o nome/função de quem proporcionou a fuga?! - não que o tenha de manter em confidencialidade, mas a falta de consciência das consequências do seu ato, choca-me!
"ó malta, falei com uma amiga minha cuja explicadora é presidente do sindicato de professores, uma comuna, e diz que ela precisa mesmo, mesmo, mesmo e só de estudar alberto caeiro e contos e poesia do século xx. ela sabe todos os anos o que sai e este ano inclusive. e pediu para ela treinar também uma composição sobre a importância da memória e outra sobre a importância dos vizinhos no combate à solidão. e pronto basicamente é isto. se isto não sair eu não tenho nada a ver com isto, ok?! ".
não estou por dentro do programa de português mas, pelo menos, parte do que foi divulgado é claramente verificável no enunciado da prova.
pondera-se agora a anulação da mesma, que por justiça e equidade nos resultados deveria ser isso a ser feito, sem desculpas ou considerações. mas mais, o que nos garante que esta professora não teve o mesmo comportamento em anos anteriores?! "ela sabe todos os anos o que sai e este ano inclusive"
como explicar a ética aos jovens de hoje se não for pelo exemplo?! estamos a voltar ao vazio de valores defendido por lipovetsky?!
na mesma semana que se torna viral o vídeo de rodrigo guedes de carvalho a encerrar o jornal da noite da sic em que concluí a sua história afirmando que "devemos todos ajudar a construir um mundo onde as crianças vejam que os adultos não faltam à sua palavra".
temos uma comunicação social a ser fustigada (a meu ver com razão) pela abordagem crua, selvagem e desleal com que tem abordado o drama dos incêndios, e surge este jornalista a provar que nem todos são iguais.
temos uma classe profissional, os professores, que se queixam da forma como o estado os trata, e surge esta situação em que num egoísmo latente, sem ética ou moral, um (?) professor (?) decide que é legítimo beneficiar (com informação) uns estudantes, sabendo como isso prejudicará outros.
não gosto quando o meu país me mostra que não há honra nem compromisso profissional, mas cativa-me desmesuradamente quando há pessoas que nos mostram que ainda há esperança!