mandar vs. gerir talentos
“a felicidade é altamente lucrativa” é uma expressão do ceo da phc software, numa entrevista ao expresso.
não resisti a ler a entrevista, embora adivinhasse a sua essência. centra a felicidade na meditação, mas a minha reflexão centra-se na liderança.
parece ser banal, do senso comum, lógico e facilmente percetível que pessoas felizes e motivadas, são pessoas mais produtivas e com maior capacidade criativa e de transformação. posto isto, não se entende porque há tanta insatisfação com as chefias em portugal – pelo pouco reconhecimento, incentivo e valorização das equipas.
parece prevalecer um modelo de liderança autoritário baixo um véu de trabalho colaborativo, onde a igualdade de papéis impera enquanto se seguir a ideia central…do chefe.
num país de senhores doutores e senhoras doutoras, parece haver o receio de valorizar ideias alheias, mesmo quando lhes é atribuído – não reconhecido - valor.
há, ainda, a necessidade de valorização pelo “mandar” e não pela construção conjunta de valor para a empresa, na qual existem papeis definidos e as pessoas não se deixam amedrontar pelo valor dos outros.
por outras vezes poderá ser pelas chefias estarem tão concentradas na sua visão do tema que são incapazes de – efetivamente – ouvir ideias divergentes, inviabilizando assim boas possibilidades de inovação.
não digo que mandar seja fácil, já coordenei equipas e sei que não o é.
mas mandar por mandar é ditadura, é castração, é desmotivação.
mandar é (deveria ser) gerir talentos. é encontrar a forma de rentabilizar o saber e competências dos elementos da equipa em prol dos objetivos da empresa. exige o conhecimento da empresa e dos colaboradores. exige jogo de cintura e capacidade de negociação. exige (muita) inteligência emocional e empatia.
se houvesse em portugal mais gestores de talentos, haveria certamente mais sucesso nas instituições, mais colaboradores motivados, pessoas mais felizes.
como sabemos a felicidade gera felicidade. ser profissionalmente feliz, faz-nos chegar a casa com energia positiva, com mais vontade de fazer coisas para partilhar essa felicidade, para fazer os nossos felizes.
o trabalho ocupa demasiado espaço/tempo na nossa vida, muitas vezes parece incapacitar-nos para a felicidade – as frustrações que de lá trazemos roubam-nos o brilho. claro que podemos e devemos combater isso, mas sabemos que não é fácil.
imagem retirada daqui
senhores chefes, patrões, coordenadores e outros que tal, por favor olhem para as pessoas com quem têm a honra de trabalhar como um manancial de talento, de lucro - se preferirem, e desafiem-se a encontrar a forma de fazer brotar e gerir esses talentos... isso fará de vocês gestores de uma riqueza (quase) inesgotável!