gosto de ter nascido num país livre e democrático.
a história poderia ser outra.
poderia ter nascido noutro país no qual pelo simples facto de ter dois cromossomas x, poderia não ter direitos, poderia não ter escolhas. podia ver os meus sonhos vetados ou quiçá nem seria capaz de sonhar.
ontem, a propósito do dia internacional da rapariga, pensei nisto.
li dados sobre o não cumprimento dos direitos humanos (educação, saúde), a descriminação e a violência contra as mulheres, ocasamento infantil ou mutilação genital. direitos negados, práticas ultrapassadas.
tenho grande respeito pela cultura de cada povo. é de grande pretensão avaliar e julgar estando de fora. no entanto, quando da vida humana se trata, não deverá ser a diferença de um cromossoma que ditará a supremacia da cultura sobre a integridade física e psicológica.
desde 2014, quando a jovem paquistanesa,malala yousafzai, recebeu o prémio nobel da paz, a luta pelo direito à educação ganhou um rosto, e muito já se fez.mas há ainda muito a ser feito.
enquanto mulher ser humano fico chocada com muito do que leio. queimada viva foi dos livros que mais me custou a ler. durante a sua leitura só pensava na sorte que tive em nascer onde nasci.
estive este ano no dubai. não querendo entrar muito na religião, mas sendo aqui quase inevitável, considerei sempre a religião muçulmana opressora das mulheres (reconheço a minha análise ocidental e com pouco aprofundamento sobre a matéria, pois o que chega a nós é sempre o pior).
voltando ao dubai. visitei a mesquita jumeirah (bela obra arquitetónica) e de extrema simplicidade no seu interior (um espaço de culto sem ostentação - como me pareceu que deve ser). no entanto, lá está a minha veia profissional em destaque, o que mais me cativou foi "quem" e "como" é realizada a visita. a visita, feita por uma mulher, é enquadrada no projeto "open doors, open minds" do centro para o entendimento cultural sheikh mohammed. de forma simples e com bom humor desmistificou muitas das ideias preconcebidas sobre a mulher na cultura muçulmana; por exemplo referiu que o uso de burka é uma escolha de cada mulher (claro que desconfiada como sou, questiono a veracidade total do testemunho).
independentemente de tudo o que foi feito e há a fazer pelo reconhecimento do direitos das raparigas e das mulheres, reitero: tive a sorte de nascer neste país à beira mar plantado
se não forem católicos, escolham um do vosso agrado.
para os católicos ou pseudo católicos, com medo de transmissão de doenças, aconselho a leitura das minhas estratégias para evitar uma orgia não sanitária de beijos no senhor (não têm de agradecer!)
entretanto deixo aqui também as 15 soluções da terceira e última parte do teste de inteligência
ups a última (resposta à questão n.º 40) não cabe na galeria
feito o teste e apurados os resultados... tirem as vossas conclusões
nota: todos os exercícios são retirados do livro “1000 testes e jogos de inteligência”
sempre andei à turra e à murra com a igreja católica.
sou católica por educação - já só me faltam dois sacramentos! -, mas desde a adolescência, quando comecei a pensar por mim, que não me identifico com as doutrinas da igreja.
a exclusão das pessoas em vez da sua inclusão, a descriminação, a promoção da culpa, a condenação dos pecados …a hipocrisia dos pecadores no coração da igreja…
tenho alguma esperança de que o chiquinho mude alguma coisa, mas um monopólio tão poderoso como o é o da igreja católica mais rapidamente derruba o homem, a qualquer custo, do que deixa derrubar os seus fundamentos mais tradicionalistas.
sendo que o dia de ressurreição de cristo, domingo de páscoa, se comemora, este ano, no dia das mentiras, estaremos perante um eclipse da fé? perante a constatação de que este “facto”, relatado milenarmente, não passa de uma mentira? ou simplesmente perante a impossibilidade de mentir num dia santo?
há pouco tempo a minha mãe comentou que achava que eu deveria batizar a minha filha. perguntei-lhe por que? ela disse apenas: porque seria bom para ela caso lhe aconteça alguma coisa. só fui capaz de lhe responder, de coração, que se lhe acontecer alguma coisa e se deus for bom, não preciso de me preocupar com isso. se o nosso argumento for a vontade de deus e não a acusação da sua ausência em diversas situações que ocorrem no mundo, deixamos a outra parte sem grande argumento.
eu acredito que há um deus, que existem energias, boas e más, que não existe um espaço e tempo estanques e que somos mais do que o corpo que habitamos. não há um céu prometido. há o dever de fazer o bem e de honrarmos a vida que temos. um compromisso com a evolução do nosso ser. o que acontece nos entretantos? não sei. se esta é a realidade? não sei. mas é nisto que vou acreditando.
claro que esta minha crença não dá, à minha filha, o direito a uma grande festa com fatiota e rituais; nem pessoas responsabilizadas por cuidar dela no caso da morte dos seus pais; não lhe dá presentes todas as páscoas, nem direito à personagem da madrinha e/ou padrinho na sua vida. mas acredito que lhe traga a possibilidade de uma compreensão mais ampla da fé, da aceitação do outro e da responsabilidade sem culpa.
respeito as escolhas de todos, mesmo aquelas que não entendo. no entanto, não consigo deixar de refletir sobre o que me mete confusão.
fui educada na doutrina da igreja católica. os meus pais não são fundamentalistas, mas os mandamentos, os sacramentos e os princípios estiveram sempre presentes.
na minha adolescência a incompatibilidade de visões (sobre o aborto, o uso de preservativo, a homossexualidade…) afastou-me gradualmente do pensamento veiculado pela igreja e consequentemente da participação das suas práticas.
desde então a minha relação com a igreja católica é "institucional" ou seja: casamentos, batizados, funerais e afins (todos dos outros, o que no caso dos funerais tem dado bastante jeito).
recentemente fui convidada a ser madrinha de uma catraia. inicialmente rejeitei pois um dos princípios é ajudar a educar a criança nos princípios da igreja católica; pois bem, parece-me um pouco hipócrita assumir esse compromisso quando eu própria não tenho essa prática (não se assustem que respeito a maior parte dos mandamentos, osprincípios humanos de respeito pelo outro). após insistência da mãe, à qual emocionalmenteme é difícil afincar o não, acedi ao pedido.
quando achámos que isto da igreja já está claro nas nossas mentes (o que nos aproxima e o que nos afasta)... vem que descubro que tem sempre coisas para nos surpreender.
o últimos sacramento por mim praticado foi o crisma (confirmação do compromisso/votos com a igreja) ainda em adolescente; sacramento este me me permite ser madrinha. mas... na verdade já deveria ter cumprido outro: o do sagrado casamento. como me afastei da igreja nunca me passou pela cabeça casar por este meio, assim, aos olhos da igreja católica vivo em pecado.
bem, parece que pior do que viver em pecado por ter decidido não cumprir com um dos sacramentos é cumprir com ele e desfazê-lo.
o pretenso padrinho da criança tem um grande problema, é um pecador, quase traidor ... é divorciado!
foi contra o principio do "até que a morte vos separe" (porque teve o bom senso de cumprir o primeiro mandamento e não matar a ex-mulher), rompeu com o sacramento do matrimónio e em consequência não pode ser padrinho da criatura.
ele que escolheu constituir família perante os desígnios da igreja, mas que perante as incompatibilidades e a dureza que implica sempre o final de uma relação, decidiu apostar na sua felicidade e bem-estar... é banido da possibilidade de apadrinhar uma criança (pois não é um modelo a seguir). eu que me desliguei da igreja há mais de 15 anos, que vivo em pecado, não profiro a "fé da nossa igreja" posso ser madrinha.
não vos parece mais um pequeno problemazito burocrático de uma igreja que, salvo o chiquinho, corre o risco de se perder (força e abrangência) no rigor e inflexibilidade dos seus postulados?
nota: não pretendo ferir suscetibilidades. respeito todos os credos e religiões; está conheço melhorcito pelo que me é mais fácil apontar, o que a meu ver me parecem, suas incongruências.