Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
1 – os dias de desespero acabam por passar. parece que não têm fim…mas têm. lembro-me neste período de andar esgotada e ao final do dia ter um misto de emoções; por um lado o saber que poderia finalmente descansar – abençoada a minha filha que desde o primeiro mês de vida que passou a dormir 6h/7h por noite; por outro a frustração de saber que no dia seguinte seria outra vez tudo igual – cólicas, refluxo, choro, desespero.
2 – vamos crescendo enquanto mães. os receios iniciais – de dar banho, de ficar sozinha com a bebé porque algo poderia acontecer, de não lhe conseguir aliviar-lhe a dor, de não a conseguir ajuda-la quando bolsava e se engasgava, … – vão dando lugar a um ser observador que começa a distinguir situações, a ganhar experiência e a tornar-se confiante no trato daquele pequeno ser com quem está 24h sobre 24h. passamos a ser as maiores especialistas dos nossos bebés.
3 – as coisas más / dolorosas esquecem-se. parece nascer em nós uma maturidade emocional capaz de reter apenas o que vale a pena. não esquecemos as situações, simplesmente não sentimos dor ao recordá-las.
4 – priorizamos tudo o que tem a ver com o bebé – o cuidado, a alimentação, o bem estar – físico e emocional, o desenvolvimento, a roupa… e pomos de lado as nossas necessidades. não o fazemos conscientemente. simplesmente acontece. mas à medida que o bebé cresce, nos voltamos a integrar-nos em nós. continuamos a dar prioridade ao bebé e às suas necessidades, mas passamos a arranjar tempo para nos respeitar enquanto pessoas.
5 – bolso n.º 5 passa a ser o nosso perfume diário – cheguei a um ponto em que mudava de roupa 5 vezes por dia, outro em que desisti de o fazer…parecia que de qualquer maneira cheirava sempre a leite azedo!
6 – as dúvidas são muitas, as incertezas não acabam. valha-nos a internet, as amigas, a mãe, a irmã, a enfermeira, o pediatra, a saúde 24, o vizinho e o periquito para nos darem algum (des)sossego.
7- vamos perceber que tudo o que planeamos fazer durante a nossa licença de parentalidade não vai acontecer.
8 – quando o nosso bebé faz 3 meses e revemos as fotografias dos primeiros dias, temos a sensação de que aquilo foi numa outra vida! e no meu caso pensei “ai filha como eras feia”!
9 – um novo universo comunicacional nasce em nós. a nossa linguagem é dominada por um novo léxico e o cocó passou a ser um dos temas centrais da nossa vida.
10 – vamos agradecer a comida congelada da mamã, do marido ou da vizinha. porque sem ela muitas vezes não teríamos hipótese de ter um almoço decente!
11- para quem pode, amamentar é a melhor forma de recuperar a forma física – o pediatra da minha pequena acrescenta mais umas quantas razões relacionadas com a saúde da mulher.
12 – não é mentira, não é um conselho em vão: dorme sempre, quando e onde puderes e, arranja quem te ajude nas lides domésticas – nem que seja apenas por uns meses!
deixo aqui um texto da mia, feito de ternura, onde partilha o primeiros três meses do seu monstrinho.
eduquemos os nossos filhos para a inclusão.
para o respeito pela diferença.
eduquemos os nossos filhos para o amor pelo outro.
não eduquemos com um sentimento implícito de superioridade e de coitadinhos.
eduquemos pelo exemplo. pela naturalidade.
eduquemos para o amor.
eduquemos para o respeito.
eduquemos para a sensibilidade.
eduquemos para uma visão em que a diferença enriquece.
eduquemos cidadãos do mundo.
eduquemos para um mundo em que a tristeza desta mãe não se repita noutras mães.
todas as crianças são especiais, já sabemos.
há crianças que, dadas as suas características, exigem coisas diferentes.
ser mãe é entrar num mundo de inseguranças.
ser mãe de uma criança com características diferentes é duplicar as inseguranças e triplicar as dificuldades – o nosso país não está preparado para dar resposta igual às massas e aos casos especiais, sobretudo se não se viver num meio (verdadeiramente) urbano.
existem na blogosfera vários blogs nos quais são partilhadas as experiências de mães de crianças (mais) especiais.
porque é sempre bom e reconfortante sentir que não se está sozinho na jornada parental, partilho alguns dos blogs que fui conhecendo:
crónicas de uma mãe atrapalhada (2ªparte) é o blog de uma mãe, mamã gansa, onde, como ela própria diz “um dia escrevi sobre as aventuras e desventuras das delícias da maternidade e do milagre da vida! este é a continuação dessas aventuras com um menino especial e as suas peripécias”. no post ser mãe de uma criança especial, a mamã gansa, conta-nos como o seu filho gonçalo foi diagnósticado com transtorno do espectro do autismo; no final do texto faz este sentido pedido “e para terminar queria pedir um favor: antes de julgarem ou criticarem uma mãe pela birra que a criança (que ela traz consigo), faz no chão, ou pelos gritos que dá, achando que tudo se trata de má educação e crianças "mimadas", lembrem-se que há meninos e meninas com incapacidades invisíveis.”
tomás my special baby - andreia, mãe do tomás, refere que “ser mãe foi sempre um sonho e quando o fui tive um dos maiores desafios da minha vida”. tomás tem trissomia 21 e o blog é uma partilha da vida do tomás e da família. “o nascimento” é um texto terno e honesto – impossível de se ler sem se emocionar - que termina com esta frase "tenho apenas um objetivo nesta vida, fazer o meu filho feliz dentro da sociedade dita “normal”."
a mãe da maria – refere a autora: “‘a mãe da maria’…foi assim que me apelidaram há 18 anos e não é que eu gosto? a maria é a nossa primogénita aquela que, mesmo quase sem falar, diariamente nos ensina o verdadeiro sentido da vida!” não posso deixar de destacar uma frase da ana rebelo, autora do blog, “no filme do homem aranha, o tio dele diz: com grandes poderes, chegam grandes responsabilidades. a frase ficou famosa. no caso de quem tem um filho deficiente, o raciocínio inverte-se: com grandes responsabilidades, vêm grandes poderes!”
no texto “num mundo de pessoas iguais” a ana escreve “num mundo de pessoas iguais a maria tem a coragem e ousadia de se aceitar como é, sem filtros nem preconceitos e sabem que mais – isto faz dela uma criança verdadeiramente feliz! a maria sabe…” como podem ver… um blogue que sorri à vida!
no reino dos 7, também encontrará vários post que abordam o autismo do martim, neste post poderá ler como foi o diagnóstico. e no texto "10 coisas que todas as crianças com autismo gostariam que você soubesse" encontra uma bela mensagem para promover a igualdade e a inclusão, sendo excelente para ler com os seus filhos e ajudá-los a compreender um pouco da realidade destas crianças especiais.
imagem retirada daqui
porque todos os corações são vermelhos, ternos e docinhos apelo a que analisem esta petição pública para a criação do "dia da inclusão" .
nota: atualizado a 26/07/2018
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.