há pouco tempo adquirimos um apartamento,num prédio antigo, no centro de lisboa.
o prédio foi totalmente requalificado, todos os apartamentos foram rapidamente vendidos, pelo que, nos "mudamos" todos mais ou menos ao mesmo tempo.
a empresa de condomínio é um apêndice da empresa que executou a obra do prédio, pelo que foi quase que assumido que seria essa a empresa a contratar.
não vivo (ainda) "a tempo inteiro" no apartamento. numa das minhas primeiras visitas ao prédio, assim que abro a porta deparo-me com 3 caixotes do lixo (daqueles verdes do município) apinhados e emanando um odor insuportável! - imaginem a minha cara ao entrar no prédio e levar com este cenário. pensámos: é verão podem haver menos serviços de recolha.
manhã seguinte o mesmo cenário acrescido de uma cerca de garrafas de vinho (sei as marcas preferidas dos vizinhos, visto que dispuseram as garrafas dignamente evitando a humilhação de as meter em sacos!).
ao terceiro dia o cenário nojento teve novos acréscimos! Intolerável, do meu ponto de vista! fomos de férias e ao voltar o cenário manteve-se (embora com "novo lixo"). decidimos que teríamos de falar com o condomínio...o tempo foi passando e não o fizemos, embora a situação se mantenha (mas como só nos lembramos quando lá vamos - em média uma vez por mês - temos facilitado!)
há dois meses o simplex reparou num pormenor absolutamente absurdo: a vizinha da frente coloca o seu lixo num saco de plástico à porta do apartamento, ou seja no corredor que nos é comum (existem apenas 2 apartamentos por andar). ora bem, eu conheço o apartamento dela, pelo menos a sua arquitetura e tenho certeza que a senhora tem varandas!
qual o grau de falta de civismo é necessário para deixar religiosamente o lixo num espaço que é comum? esta semana passei-me! cheguei a casa e ao sair do elevador senti um odor nauseabundo, fixei, e era, obviamente, o lixo dela.
na próxima semana há reunião de condomínio e terei de explicar as pessoas que devem serem menos porcas e respeitar os espaços comuns!
encontrei na decooartigovasos de flores nas escadas do prédio dão coima que, embora visual e olfativamente mais interessante, ajuda-me a encontrar um argumento, para além da prática ativa da cidadania, para exigir que esta senhora guarde o lixo dentro da suahabitação ou que o leve ao respetivo contentor na rua (e não dentro do prédio! - esqueci de dizer que o argumento de termos contentores do lixo dentro do prédio é para evitar o furto dos mesmos...e do respetivo lixo).
baixei a aplicação, fiz o registo (temos de adicionar meio de pagamento: cartão de crédito ou paypal) e pedi um uber.
na verdade não foi assim tão fácil; como de costume estava atrasada e portanto estressada. então sem grande exploração da aplicação coloco para onde quero ir e chamo o uber, a questão é que na verdade estava a dizer ao sistema de onde queria sair… apercebo-me quando aparece a foto do jeitoso condutor com as indicações no mapa do tempo de demora ao local onde estava que, na verdade, era o local para onde queria ir. tento cancelar e não vejo como…saio da aplicação como se isso resolvesse tudo e volto a entrar…estando tudo igual. respirei fundo (sentindo a iliteracia digital a percorrer-me as veias) e lá encontrei como cancelar. ao cancelar é-nos pedido que assinalemos a razão, mas não havia a opção do “aselhice de principiante”!
depois desta emoção inicial, lá fiz tudo direitinho. recebo a fotografia do sr. uber, a sua localização e o modelo e matrícula da viatura. ora bem eu sou muito limitada no que diz respeito a veículos automóveis. para mim um carro é da cor que é e pouco mais. assim, toca de decorar a matrícula – e assim identifiquei o sr uber (que no final da viagem me deu 5 estrelas :d )
com o caos da cidade em obras e eu a viajar em hora de ponta… lá fizemos um animado percurso. o senhor gostava de falar e eu sou boa ouvinte. o sr tinha começado a trabalhar na uber há pouco mais de uma semana e, numa viagem de 7km pela cidade, tive um curso intensivo do que é isto da uber.
vou partilhar o meu recém adquirido conhecimento (baseado na partilha do sr. uber):
. a uber é uma empresa americana que recebe uma percentagem por todos os serviços realizados baixo a tutela uber (em todo o mundo! – questionei-me: porque raio não tive eu uma ideia destas?!);
. atualmente já não é fácil, em portugal, um cidadão pegar no seu carrito, inscrever-se na uber e começar a fazer transporte (isso era d’antes)
. agora existem “patrões” que compram carros e depois “contratam” pessoas – em regime de prestação de serviços, para os conduzir (em turnos de 8h a 12h)
. “para ganhar 40€ por dia tenho de faturar 100€”, dizia o sr. uber, “pois uma parte vai para uber, outra para o patrão e eu recebe apenas uma comissão”, “no final do mês passo o recibo e ainda tenho de fazer os descontos”
. “as pessoas não se aguentam muito aqui, não é muito compensador”, conclui o sr. uber
. a câmara não dá mais licenças para taxistas pois argumenta que já há muitos, “mas todos tem muito trabalho”. “e depois nós [uber] fazemos os trabalhos que os taxistas não querem” -referindo-se a trabalhos de curta distância
o sr. uber estava a refletir sobre a vida e as suas condições salariais, eu aproveitei para adquirir algum conhecimento sobre essa realidade e no fim…também lhe dei 5 estrelas!