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mami

viver | amar | sentir | pensar | lutar | conquistar | desafiar | refletir | descobrir | experimentar | partilhar | aprender | acreditar | sonhar * ser mãe sem me perder de mim *

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ser mulher continua a não ser fácil

reflexão sobre o dia da mulher

ser mulher continua a não ser fácil e não é um ramo de flores, descontos de 50% na newsletter de produtos de beleza ou a criação de um vinho rosé chamado woman que muda a situação – estes são apenas alguns exemplos com os quais fui confrontada nos últimos dias.

o dia internacional da mulher, cuja origem podem explorar aqui, mais não é do que a luta pelos direitos humanos, pela igualdade de oportunidades e pela não descriminação. parece coisa do século passado…e até é, pelo menos a criação da data, mas na verdade de forma mais ou menos explicita continua a ser necessário gritar a viva voz que ainda não são dados os mesmos direitos e oportunidades a mulheres e homens.

mas não é isso que me apraz explorar hoje. venho apelar à reflexão sobre como podemos andar (algumas de nós) perdidas com esta questão do ser mulher emancipada e moderna. sobre a nossa vontade de fugir de estereótipos e preconceitos relacionados com a beleza, com a inteligência, com a emotividade, com a independência, com a maternidade, com a capacidade de fazer isto ou aquilo (por uma questão de género)… e como podemos estar a oprimir quem nós somos ou quem nos educamos.

sem querer podemos estar a alimentar o preconceito por oposição. porque não aceitar que efetivamente podemos ser tudo, ou melhor que gostar de determinada coisa não implica não ser capaz de outra. será que não é possível ser-se engenheira aeroespacial, bonita e gostar de acompanhar o big brother?! ou ser esteticista, gostar de música clássica e ler saramago? ou optar por ser mãe a tempo inteiro, passar o dia a ouvir os caricas e à noite ver o national geographic? ou ser empreendedora, passar o dia em reuniões e à noite atirar-se no sofá, a ver qualquer coisa sem interesse real, a beber um copo de vinho enquanto afaga o seu caniche?

ser mulher não implica encaixar num padrão. assim como ser homem também não.

confesso-vos que muitas vezes sinto-me aprisionada por esta questão do ser mulher e não querer desonrar o género. mais ainda, desde que me tornei mãe, sinto o peso da responsabilidade da educação de uma futura mulher e de um futuro homem. e questiono muitas vezes se pelo peso cultural e emancipatório que carrego, não estarei a forçar em algumas coisas um caminho que poderá não ser o que eles naturalmente escolheriam. sei que faço bem em escolher os desenhos animados a que assistem, para que vão ao encontro dos princípios e valores que defendo. que abolir estereótipos de género como as cores que vestem ou as brincadeiras que fazem é o correto. mas será que se a miúda quiser fazer ballet eu devo conduzi-la para o salto em comprimento? ou se ele quiser fazer salto em comprimento eu o deverei conduzir ao ballet? se ela quiser ser educadora de infância a deverei conduzir para engenharia? se ele quiser estudar polímero dos materiais eu deverei sugerir design?

sei que não. que não tenho o direito de os usar como bandeira de nada. que só pensar nisto é alimentar o estereotipo e o preconceito. e é esta desconstrução que tem ainda um longo caminho a ser desbravado. sobretudo porque os extremismos estão ainda muito presentes.

este meu receio ilustra uma mulher independente, com um profissão que lhe dá uma vida confortável, e com gostos ecléticos, que não se sente ainda confortável com esta questão da igualdade de género, por não acredita nela, e que, de alguma forma, contribui para que esta continue a ser uma questão pelo seu comportamento de oposição muitas vezes desnecessário.

 

dia da mulher

 

sei que poderei recear a influência do contexto cultural e do contexto educativo fora do agregado familiar, mas que não tenho o direito de manipular ou castrar a minha filha ou o meu filho. viver a liberdade é mais difícil do que defende-la. porque a liberdade plena (caso exista) deverá ser desprovida de qualquer estereótipo, preconceito ou juízo de valor.

 

 

happy by zippy gerador de ódio

sendo hoje dia das mentiras, não trago uma mentira, mas algo que eu desejava que o fosse.

 

happy by zippy

imagens da zippy

 

na semana passada, após o meu post onde fiz um apelo ao respeito pela diversidade, deparo-me com a “polémica” que rodeava a marca de vestuário infantil zippy.

confesso que pensei: o mundo enlouqueceu!

mas eu sei onde tudo isto começou! sei sim…foi naquela desvairada da chanel, a coco para os amigos, que se lembrou em pleno século xx que as mulheres também haveriam de vestir calças!

e anos mais tarde, era eu já nascida e integrava a geração x, a loucura quando a calvin klein, para além de roupa, lança o perfume “one”- um perfume que dava para ela e para ele.

 

 

“credo” para além de podermos usar a mesma roupa…vamos cheirar igual?!...como nos reconhecemos nos escuros cinemas?!

mas isto não fica por aqui. não! os primeiros a atacarem as crianças foram os italianos. aqueles para os quais estamos todos unidos pelas cores…sim esses, os da benetton.

e mais haveria a acusar.

eu na minha fase grunge que andava vestida de preto e cinzento de pés à cabeça…comprava o que conseguia e me desse o ar mais triste e zangado possível – para além de procurar na roupa “antiga” de pais e avós  (com a quele ar gasto e velho). usava roupa de homem ou mulher ou o que me parecia a maior parte das vezes, sem género. mas vá pelo menos não usava aquelas cores lgbt!

e agora que sou mãe, sou uma nódoa. fiquei chateada quando no dia das bruxas a minha filha trouxe um chapéu de bruxa cor-de-rosa, por ser cor de menina. raios só eu é que vejo que o chapéu das bruxas é preto?! vá, quanto muito roxo. esperem, roxo não, porque está associado aos gays. e, eu mami, terei também de assumir que a minha filha usou muita roupa dos primos, tem um camião, comprei-lhe umas botas unisexo iguais às do primo e quase não usa ganchos ou bandoletes. sim, repetidas vezes nos questionam: é menina ou menino. também veste saias e vestidos. veste rosa, branco, azul, amarelo, verde, preto, cimzento...

as contradições da vida são uma seca.

esta história da zippy irrita-me porque os comentários são de uma intolerância brutal (em ambas as partes – os a favor e os contra a marca). há generalizações que podem ser ofensivas para muitas pessoas que não se revêm nas criticas feitas à marca (muitas ligadas com a igreja católica ou as famílias numerosas). uma tragédia clássica.

ao ler alguns comentários não pude deixar de recordar a audível afirmação da ministra brasileira da mulher, família e direitos humanos do governo de bolsonaro a gritar  “menino veste azul e menina veste rosa”.

 

 

 

não sei se acompanharam a polémica no facebook, mas se não o fizeram deixo aqui o best off 

frases de ódio "preferidas":

“ou retiram a campanha ou perderão milhares de clientes porque não vamos parar em denunciar a zippy!
um pedido de desculpas e defenderem publicamente a família matriz judaico-cristã no mínimo!”

“vocês são uma empresa capitalista, impressionante, como mesmo assim apoiam o socialismo e os seus projectos.”

“nunca mais... só de ver a marca já me dá asco!!!!”

“zippy é a este tipo de pessoas que estão a tentar agradar? pessoas que dificilmente terão filhos? óptima estratégia de negócio”

“eu não compro mais nada nas vossas lojas, tenho 2 filhas e irei continuar a comprar roupas de menina, são as minhas princesas, nunca o deixarão de o ser.”

“família só existe uma, constituída por um homem + uma mulher e respectivos filhos.”

“caro designer, o belo está na diferença, nunca na igualdade!”

“as crianças que vestirem isto, estão descaradamente a fazer ativismo. serão 'peões' num jogo de 'xadrez' de ativismos radicais, como o lgbti”

 

os defensores da marca:

“o mais engraçado é que essas pessoas têm filhos todos corridos com nomes com maria como segundo nome. não estou a perceber, defendem que um rapaz é um rapaz e uma rapariga é uma rapariga, e metem maria num nome de um rapaz?”

“um minuto de silêncio por todas estas pessoas indignadas que em 2019 tomaram conhecimento pela primeira vez na vida que existe roupa unissexo... o drama! o horror!”

“gostava de fazer aqui uma denúncia pública. fui violentada pela minha família que, nos anos 80 e 90, me obrigaram a vestir as roupas masculinas herdadas dos meus primos mais velhos. fui torturada e usada num esquema caseiro de pró-activismo lgbt.”

"na vá o diabo tecê-las e ao vestir uma roupinha daquelas,(que até são giras), virar gay!! nunca se sabe."

 

há muito mais para ler, mas o tempo (e a paciência em boa verdade) não é muito. deixo aqui o link do facebook caso queiram ir ver as maravilhas que o ser humano consegue dizer.

 

em jeito de resumo, algumas notas importantes:

- não podemos usar as cores do arco iris para nada que não se refira à comunidade lgbt;

- a zippy é uma marca tão poderosa que tem a capacidade de confundir a cabeça das crianças e criar dúvidas sobre o seu género ou a sua orientação sexual (afinal a orientação sexual já não é uma doença, agora é uma moda – receio o que virá no futuro para justificar esta situação do demónio);

- a zippy está muito triste e preocupada com este bost de publicidade! (hoje tinham, no post de divulgação da coleção 3,5 mil comentários e 943 partilhas)

 

 

para terminar esta minha reflexão deixo um excelente trecho de um comentário ao referido post que entra em defesa da marca e contra a ignorância apresentada em alguns comentários “vão estudar noções básicas de desenvolvimento infantil primeiro, a seguir leiam um bocadinho sobre identidade de género ou então não leiam nada e vão descarregar as vossas frustrações num saco de boxe. deixem as crianças em paz. “ amém!

 

 

 

 

 

 

 

quem quer respeitar as escolhas dos outros?

não me lembro de te ter pedido para decidires por

 

ando muito confusa.

por um lado, as pessoas defendem a pés juntos a liberdade individual e o direito à autodeterminação.  defendem a igualdade de género e a plena emancipação da mulher.

por outro lado, reduzem a mulher a um ser não pensante e incapaz de fazer escolhas, pois aparentemente, são um mero objeto ou marioneta nas mãos gigantes dos programas de televisão que andam a transportar as mulheres para o tempo – ou quiçá o continente - onde eram – e agora voltam a ser-, meras meninas casadoiras e serventes de seu marido.

questiono o porquê de diabolizar os canais de televisão, neste caso a sic (quem quer namorar com um agricultor?) e a tvi (quem quer casar com o meu filho?), por realizarem estes formatos de programas de entretenimento. quem não gosta, simplesmente, não vê. quem se inscreve para participar fá-lo de livre vontade. quem não concorda com o formato, não se inscreve. ninguém é obrigado ou obrigada a participar ou a ver o programa (um, outro, ou ambos!).

se uma mulher decide concorrer a um dos referidos programas está a usar a sua autodeterminação (lamentarão as senhoras e senhores feministas, que não a use para encontrar a cura para o cancro, para chefiar uma multinacional ou, simplesmente, para mudar o mundo), mas estão a usar o seu direito de fazer o que querem com a sua vida.

temos que deixar de ser arrogantes quanto à nossa opinião sobre o mundo e sobre as pessoas; temos de deixar de ser fundamentalistas e quiçá, se possível, perceber também que as nossas certezas são nossas e que podem não ser a de outros, que aquilo que é melhor para nós poderá não ser o melhor para todos.

tudo tem um contexto. e é esse contexto (social, familiar, cultural, profissional…) que enquadra as opções das pessoas. acreditar na liberdade é aceitar as escolhas dos outros. é não impor as nossas escolhas, mesmo que acreditemos que são as melhores. há vidas tão diversas, percursos tão diferentes, querer que todas as pessoas se enquadrem no mesmo padrão de vida é querer robotizar o ser humano. e no fundo que mal tem se o desejo de uma mulher for casar e ter filhos? que mal tem se não tiver ambição profissional? se o papel que a preenche, que a faz feliz é ser uma “boa” esposa e uma boa mãe. quem somos nós para retirar mérito a essa opção de vida?! porque teremos todas de ser “modernas” e querer ter carreiras de sucesso e atingir lugares de destaque “como os homens”?!

como há muito se diz: presunção e água benta, cada qual toma a que quer.

quotas de género na patrulha pata

tenho certeza que muitas pessoas, como eu, terão dito que nunca usariam a televisão para ocupar os bebés.

pela boca morre o peixe. a minha princesa é exigente de atenção. e o querido panda ajuda .i.m.e.n.s.o. a entretê-la para a mamã poder fazer-lhe o jantar.

para minimizar a culpa andei a ver os desenhos animados para selecionar os menos "prejudiciais" do ponto de vista educativo (há alguns assustadores nas mensagens que passam, "os três irmãos" são de gritos).

entre os três vencedores temos a patrulha pata. a serie é engraçada, transmite respeito e valorização pela diferença entre todos e "estão sempre prontos a ajudar". o problema: em seis cachorros só têm uma cadela (para além do protagonista que comanda as tropas ser um menino).

quotas de género na patrulha pata

não consigo compreender a falta de representatividade do sexo feminino nestes desenhos animados. o género está claramente presente nas personagens (pelo nome e caracterização). questionei inicialmente se poderia ser o absurdo das profissões "para homens" o que seria um horror perfeito. quiçá será por só existirem dálmatas do sexo masculino. calma, ironia minha, claro que há dálmatas "meninas". não encontro razões para na patrulha pata, desenhos animados claramente destinado a todas as crianças, haverem 6 cachorros e só uma do sexo feminino.

têm alguma teoria para isto acontecer?

vamos brincar ...

de modo simples, inconsciente e não intencional...formatamos desde cedo as crianças para serem meninas que é necessariamente diferente de serem meninos, e vice-versa.

nascemos de sexos diferentes - com diferenças biológicas.

a partir desse momento o género ao qual pertencemos é definido socialmente. as nossas diferenças biológicas servem de mote, sem fundamento na maior parte dos casos, para condicionar as nossas opções.

nascemos livres num mundo colorido e somos educados num mundo rosa e azul.

 

- por um mundo colorido -

igualdade de género

a igualdade de género está na moda, pensarão alguns.

fica bem falar de igualdade, dirão outros.

é tudo muito bonito mas na prática ..., comentarão (sobretudo) muitas.

 

Pirâmide Social.jpg

efetivamente existe atualmente um maior investimento nesta temática - não fomos nós que nos lembramos, mas a europa que sugeriu -, proliferam as ações de formação (financiadas) nesta área.

como trabalho na área da educação achei que era meu dever fazer formação nesta temática. e, eu que me achava muito inclusiva percebi que ainda tenho, integrados de modo latente, alguns estereótipos ligados ao género e ao que "corresponde" a cada um. por outro lado, nos debates de grupo, percebo que muita da sensibilidade que temos para a discussão desta temática está associado ao próprio género: porque eles "estão a outorgar um direito a elas", estão a ser uns fixes  verifico também a esperteza das pessoas a dizerem o que "fica bem" e a agir, no momento a seguir, de modo contraditório (elas e eles).

Mas sejamos honestos, não se pode almejar numa ação de formação de 25h, 50h, 100h, alterar o que culturalmente está enraizado em nós desde que começamos a interagir com o mundo. acredito que estas ações são um "abrir de olhos" para a realidade que nos rodeia e para uma gradual mudança de comportamentos (em nós e, consequentemente, nos que nos rodeiam).

se eu já era sensível a esta questão, estando a fazer a formação, estou ainda mais atenta e preocupada com as questões de género. o facto de ter uma filha aprimora a vontade de que a igualdade seja atingida.

ontem cheguei à creche que a minha filha frequenta e a educadora partilha comigo esta sua grande frustração:

"estou a fazer chapéus para o dia das bruxas e os azul bebé não ficam nada bem. sabes que para meninas é cor de rosa e para meninos é azul, mas neste caso acho que os azuis não têm nada a ver. estou a fazer estes em roxo, o que achas?

eu respondo: - estão lindos! gosto muitos mais desses, têm mais a ver com dia, podes dar um desses a minha pequena!

e ela diz: - não. para a menina é cor-de-rosa!"

é esta mulher que formalmente "educa" a minha filha. ela nem conseguiu perceber o meu desagrado, a minha frustração. a minha filha no dia das bruxas vai ter um chapéu cor de rosa...porque é menina!

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