antónio lobo antunes surpreendeu-me!
amizade
nunca fui cativada pela escrita de antónio lobo antunes, mas ao ler a sua crónica na visão desta semana, numa homenagem ao seu amigo miguel veiga, fiquei maravilhada com a sensibilidade, abertura e afeto, arrisco a dizer ternura, de que fala daquele homem seu amigo. confesso nunca imaginar tal sensibilidade num homem, preconceito ou não, sempre intui que embora sentissem não teria a coragem, pela imposição do machismo (ainda) vigente, de tornarem esses pensamentos e sentimentos visíveis, audíveis para outros.
numa passagem do texto podemos ler:
“O Miguel era, para começar, absolutamente irresistível, com um charme único e um extraordinário sentido de humor. Depois era inteligente. Depois era terno. Depois era irónico. Depois era de uma generosidade sem limites. Depois possuía carácter. Depois era bondoso. Depois era firme nas suas convicções. Depois era inabalavelmente fiel nas suas amizades. Teve para comigo gestos de uma extraordinária delicadeza, para além de uma elegância extrema.”
que bela e genuína declaração de amor por outrem.
que enaltecedor elogia à amizade.
quantos de nós fizemos ou teremos tecido um elogio tão natural e sublime a quem amamos?
este texto fez-me pensar nas pessoas da minha vida que deveriam ouvir uma mensagem como esta. não são muitas, mas são aquelas que me estruturam e me fazem sentir segura e amada. merecem um elogio assim, uma declaração de amor, um obrigada por fazerem parte de mim.
obrigada senhor antónio lobo antunes por me puxar à terra, por me (re)lembrar a importância de dizer a quem amamos porque os amamos; de lhes agradecer com justificação, porque um obrigada é importante, mas um obrigada por fazeres de mim melhor é muito mais sentido.
prometo voltar a pegar na memória de elefante que há uns anos pus num canto e dar-me a oportunidade de entender a obra. porque alguém que enaltece assim um amigo, só pode ter um grande coração e uma mente lúcida!
imagem retirada daqui
continuando a saga dos 30 dias de gratidão #10 porque sabor estás mais grata hoje?
O intenso sabor de uma grande chávena de café preto, sem açúcar, ao acordar!