ser mulher continua a não ser fácil e não é um ramo de flores, descontos de 50% na newsletter de produtos de beleza ou a criação de um vinho rosé chamado woman que muda a situação – estes são apenas alguns exemplos com os quais fui confrontada nos últimos dias.
o dia internacional da mulher, cuja origem podem explorar aqui, mais não é do que a luta pelos direitos humanos, pela igualdade de oportunidades e pela não descriminação. parece coisa do século passado…e até é, pelo menos a criação da data, mas na verdade de forma mais ou menos explicita continua a ser necessário gritar a viva voz que ainda não são dados os mesmos direitos e oportunidades a mulheres e homens.
mas não é isso que me apraz explorar hoje. venho apelar à reflexão sobre como podemos andar (algumas de nós) perdidas com esta questão do ser mulher emancipada e moderna. sobre a nossa vontade de fugir de estereótipos e preconceitos relacionados com a beleza, com a inteligência, com a emotividade, com a independência, com a maternidade, com a capacidade de fazer isto ou aquilo (por uma questão de género)… e como podemos estar a oprimir quem nós somos ou quem nos educamos.
sem querer podemos estar a alimentar o preconceito por oposição. porque não aceitar que efetivamente podemos ser tudo, ou melhor que gostar de determinada coisa não implica não ser capaz de outra. será que não é possível ser-se engenheira aeroespacial, bonita e gostar de acompanhar o big brother?! ou ser esteticista, gostar de música clássica e ler saramago? ou optar por ser mãe a tempo inteiro, passar o dia a ouvir os caricas e à noite ver o national geographic? ou ser empreendedora, passar o dia em reuniões e à noite atirar-se no sofá, a ver qualquer coisa sem interesse real, a beber um copo de vinho enquanto afaga o seu caniche?
ser mulher não implica encaixar num padrão. assim como ser homem também não.
confesso-vos que muitas vezes sinto-me aprisionada por esta questão do ser mulher e não querer desonrar o género. mais ainda, desde que me tornei mãe, sinto o peso da responsabilidade da educação de uma futura mulher e de um futuro homem. e questiono muitas vezes se pelo peso cultural e emancipatório que carrego, não estarei a forçar em algumas coisas um caminho que poderá não ser o que eles naturalmente escolheriam. sei que faço bem em escolher os desenhos animados a que assistem, para que vão ao encontro dos princípios e valores que defendo. que abolir estereótipos de género como as cores que vestem ou as brincadeiras que fazem é o correto. mas será que se a miúda quiser fazer ballet eu devo conduzi-la para o salto em comprimento? ou se ele quiser fazer salto em comprimento eu o deverei conduzir ao ballet? se ela quiser ser educadora de infância a deverei conduzir para engenharia? se ele quiser estudar polímero dos materiais eu deverei sugerir design?
sei que não. que não tenho o direito de os usar como bandeira de nada. que só pensar nisto é alimentar o estereotipo e o preconceito. e é esta desconstrução que tem ainda um longo caminho a ser desbravado. sobretudo porque os extremismos estão ainda muito presentes.
este meu receio ilustra uma mulher independente, com um profissão que lhe dá uma vida confortável, e com gostos ecléticos, que não se sente ainda confortável com esta questão da igualdade de género, por não acredita nela, e que, de alguma forma, contribui para que esta continue a ser uma questão pelo seu comportamento de oposição muitas vezes desnecessário.
sei que poderei recear a influência do contexto cultural e do contexto educativo fora do agregado familiar, mas que não tenho o direito de manipular ou castrar a minha filha ou o meu filho. viver a liberdade é mais difícil do que defende-la. porque a liberdade plena (caso exista) deverá ser desprovida de qualquer estereótipo, preconceito ou juízo de valor.
tenho vindo a trilhar o caminho rumo a uma vida mais sustentável. venho partilhar a minha experiência esperando demonstrar que pode ser um processo simples e ao acesso de qualquer pessoa.
começo por apresentar os dois princípios que norteiam a minha caminhada:
assumo pequenos passos, dados de forma consistente e ajustados à minha vida. acredito que uma mudança de comportamento, para ser efetiva, deve ser gradual.
fujo de utopias e de fundamentalismos. tento ser razoável e defendo que qualquer passo, por mais pequeno que seja, rumo a uma atitude mais sustentável é já um contributo para um mundo melhor.
desde o final do ano passado que tenho vindo a ler e aprender sobre como ser mais responsável com o ambiente através de comportamentos sustentáveis. béa johnson é um ícone incontestável - pioneira do movimento desperdício zero. como inspirações nacionais encontrei, entre outras, ana milhazes (ana, go slowly!) e eunice maia (maria granel). tenho assistido a vários webinares (alguns disponibilizados na app da edp zero) e ouvido podcast. quanto mais leio, mais vejo, mais oiço, mais verifico que há uma diversidade de coisas que podemos fazer para sermos cidadãos e cidadãs mais responsáveis com o ambiente. com mais ou menos envolvimento, mudanças mais ou menos radicais, o importante é não ignorar que o nosso comportamento e as nossas escolhas influenciam o mundo em que vivemos – para melhor ou para pior.
neste momento fujo de qualquer coisa que complique o meu dia-a-dia, já bastante atribulado, por isso fui muito consciente e honesta, de mim para mim, com os compromissos que decidi assumir. inspirada nos 5 rs da béa ( recusar, reduzir, reutilizar, reciclar e compostar - rot) defini e comprometi-me com algumas ações que acreditei serem fazíveis, baseadas na compra consciente e na procura de alternativas mais amigas do ambiente para as coisas do dia-a-dia.
assim, partilho as minhas escolhas para uma vida mais sustentável:
uso garrafa reutilizável para água. bebo muita água e gosto de a ter sempre por perto. em simultâneo, sou um pouco esquisita nas garrafas reutilizáveis. detesto o sabor do plástico e do alumínio, por isso a minha opção é sempre o vidro. no entanto para transporte a de vidro não é a mais segura (mesmo com vidro resistente). depois de muito procurar encontrei uma alternativa que me satisfaz muito (pela capacidade – 600ml, por ser de vidro mas ter proteção e pelo facto de a parte de baixo abrir para lavar o fundo da garrafa, ser bonita é também um aspeto positivo).
utilizo copo com filtro paracafé. adoro café - do expresso ao americano. um dos meus objetivos é reduzir o consumo de café em capsulas (não sou capaz, ainda, de abdicar do expresso ao acordar, mas comecei a reciclar as capsulas que utilizo). encontrei este copo com filtro para fazer café e adoro! é amigo do ambiente, pois para um bom café só precisamos de…café e água quente!
diminuí o lixo relacionado com as embalagens. deixei de adquirir produtos frescos embalados (saladas, legumes, carne e peixe); opto por iogurtes e outros alimentos sem duplo embalamento e, sempre que possível, compro embalagens com maior capacidade (por exemplo, em casa usamos muita aveia, em vez de comprar embalagens de 400g, compro embalagens de 1 kg; como faço pão e bolachas em casa, em vez de comprar sacos de 1 kg de farinha, compro sacos de 5kg; não compro embalagens individuais de bolachas ou leite, compro os tamanhos maiores e, se necessário, levo pequenas quantidades em embalagens reutilizáveis). sempre que possível compro a granel com os meus próprios sacos reutilizáveis. passei a optar também por sabonete e champô sólido.
diminuí o consumo de produtos de origem animal. desde o início do ano que faço uma alimentação mista confecionando uma refeição vegetariana por dia. para este objetivo muito ajudou a participação no desafio vegetariano, um programa gratuito através do qual ficamos a conhecer um pouco mais sobre a pegada ecológica relacionada com a alimentação, aprendemos receitas e esclarecemos dúvidas. não pretendo, pelo menos por enquanto, deixar de consumir produtos de origem animal, mas acredito que diminuir o seu consumo para metade (x 3 pessoas) é já um contributo.
luto contra o desperdício alimentar através de compras mais conscientes, da utilização mais integral dos alimentos frescos e de uma melhor organização/planeamento das refeições.
recuso o que não preciso. parece simples e até óbvio, mas na prática custa recusar as borla, ofertas e amostras. eu já fui daquelas meninas que nos festivais papava todos os brindes e ao chegar a casa remetia-os para uma gaveta até um dia irem para o lixo. agora reflito sobre se vou precisar ou não do que me é oferecido, se vou usar, se quero contribuir para a produção daquele tipo de produto/embalagem (o tamanho de uma amostra justificará o desperdício/lixo que produz ou os recursos consumidos para a sua produção?).
dou nova vida às coisas. sabiam, por exemplo, que uns collants estragados podem transformar-se em elásticos para o cabelo, em saquinhos para aproveitar restos de sabão ou champô sólido, para guardar alhos e cebolas ou para dar graxa aos sapatos?! Que os frascos de alimentos são excelentes para guardar cereais, bolachas, leguminosas, farinhas, legumes, ... para além de muito práticos, ficam lindos.
que podemos fazer acendalhas, para acender a lareira ou a churrasqueira, utilizando rolhas de cortiça e álcool etílico. simples, barato e com desperdício zero!
arranjo o que se estraga (sempre que possível). voltei a fazer remendos de forma criativa customizando as peças.
reduzi a aquisição de roupa, calçado e acessórios, para mim e para os miúdos. era uma compradora compulsiva. comprava porque sim, não porque precisasse. estou a fazer uma experiência muito gira: o armário capsula. o escolher as peças para constituir o armário fez-me ter uma maior consciência da forma como lidava com a roupa. agora, seguindo as dicas de vivi cardinali, consigo viver com 40 peças de vestuário e continuo linda e com estilo.
diminuí o consumo de combustíveis fósseis aproveitando o apoio do fundo ambiental para edifícios mais sustentáveis, alterando o meu sistema de aquecimento de água.
reduzi o papel referentes a pagamentos e transações. as faturas recorrentes são em suporte digital e uso a app do meu banco para consultar estratos e movimentos de conta.
com algumas destas ações diminui a produção de lixo indiferenciado em casa de 5 para 2 sacos semanais. e acredito que reduzirei ainda mais, estou no bom caminho!
do que tenho experimentado até agora acredito que uma vida mais sustentável ambientalmente consiste, em grande parte, em viver de forma consciente cada escolha e reduzir o que temos para o essencial, funcional e que nos dá prazer. isto traduz-se em mais qualidade de vida, mais poupança, mais liberdade e mais tempo para ser feliz!
apenas gosto de aproveitar (todas) oportunidades de fazer boas compras.
há promoções que não podemos deixar escapar (mesmo que ocorram todas as semanas!)
poupar, poupar, poupar é o meu lema, mesmo que para isso tenha que gastar, gastar, gastar.
precaver os essenciais; estes nunca são de mais (até que se acumulem de tal forma que se tornem desperdício)
os saldos são excelentes para renovar o guarda-roupas (antas peças baratinhas e bonitinhas, tenho de aproveitar, mesmo não sabendo quando as vou usar)
as crianças precisam de roupa para o próximo inverno, estão a crescer … tão bom camisolas a 2€ (mas será que precisam de 10?!). quantas vezes compramos porque é barato, não porque precisemos?
a poupança não reside em comprar muito porque está barato, consiste em comprar de forma consciente aquilo que precisamos. para isso, necessitamos de investir tempo em ver o que temos, em arranjar uma forma de organização daquilo de temos, para depois sim, ter consciência do que precisamos.
não foi fácil perceber que era/sou uma compradora compulsiva. há um ano que tenho esta consciência e tenho tentado combater este impulso de aproveitar “pechinchas”. esta questão levou-me a tomar consciência do impacto ambiental da produção daquilo que consumimos em excesso e do desperdício que produzimos. somos todas e todos responsáveis por esta cadeia. eu decidi por um travão e contra isso luto.
vivemos numa perspetiva do consumo rápido, do descartável … e isso é irresponsável!
aliado ao meu problema do consumismo tenho o facto de ser uma acumuladora (estou condenada a sucumbir entre trapos!). tenho dificuldade em me desfazer das coisas, porque algum dia as voltarei a usar (ou as usarei pela primeira vez). até nas coisas das crianças que claramente nunca as voltarão a usar! ou aquele sofá que um dia arranjarei… a desvantagem de ser uma pessoa com as minhas características e viver numa vivenda é que há sempre um lugar onde acumular mais tralha.
este processo de consciencialização é mais exigente e desgastante do que tinha imaginado. é mais fácil e rápido comprar coisas novas, do que fazer um inventário, organizar e reutilizar o que já possuímos (sobretudo quando temos anos de acumulação de toda a espécie de “coisas, só apetece virar as costas e fugir!).
este é o desafio que me acompanhará em 2021. ser mais consciente do que tenho, do que preciso e do que compro. e, no momento de comprar, fazer escolhas mais sustentáveis. partilho com vocês porque isso compromete-me. porque me faz sentir que, de alguma forma, não estou sozinha e tenho perante “quem” responder.
desejem-me (muita) sorte!
e se for o caso inspirem-se e acompanhem-me nesta (longa) viagem.
há 3 anos atrás era eu mãe de primeira viagem. aderi a vários grupos de fecebook de mamãs, para me sentir acompanhada nesta viagem. houve momentos em que estes grupos foram de bastante ajuda, outros em que foram assustadores por demonstrarem que as mamãs podem ser seres cruéis e mesquinhos (umas para as outras) e outros em que se assistia, apenas, a uma feira de vaidades. juntando os dois últimos pontos mencionados, lembro-me de várias situações em que aconteciam coisas deste género:
- uma mamã pede ajuda para tentar verificar se é “normal” que a filha/o aos dois anos ainda não falar. a resposta de uma mãe: “o meu é super desenvolvido, fala desde que tem um ano, no infantário dizem que é o mais desenvolvido”. serei eu a única a questionar o que raio tem esta resposta a ver com a dúvida/ansiedade partilhada pela outra mãe?!
- uma mamã inicia uma conversa descrevendo todos os feitos do filho de 6 meses: gatinha, põe-se de pé, bate palmas e quiçá, não me recordo bem, falava inglês. muitas mães na sua simpatia respondiam dando os parabéns por tal desenvolvimento outras desejando que a sua criatura tivesse o mesmo nível de desenvolvimento.
todas as mães, todos os pais, têm orgulho nas conquistas das suas crias. mas essas conquistas são individuais e têm a ver com inúmeros fatores. não são uma corrida, não há competição ou não deveria haver.
a minha filha sempre teve o seu ritmo, nunca foi precoce em nada, embora tenha atingido os patamares de desenvolvimento no tempo estipulado por quem disso sabe.
agora, na segunda viagem desta aventura exigentemente desafiadora de ser mãe, tenho um filho que não tem tempo a perder. fez as aquisições motoras muito cedo (erguer, virar, gatinhar, andar… e em breve, temo mas sei, trepar, escalar e quiçá até voar!).
dois filhos, dois ritmos de desenvolvimento completamente diferentes.
e não, não estou nos grupos de mamãs de facebook a dizer que tenho um nélson évora.
no entanto, há algo que por cá ocorre que me tem irritado. tenho uma sobrinha que é 3 meses mais velha do que o meu catraio, com um ritmo de desenvolvimento perfeitamente normal. o progenitor cá de casa sofre do síndrome de mãe de grupo de facebook. quando está junto do irmão não para de elogiar os feitos do filho, enaltecendo o futuro spider man que por cá temos. faz comparações entre as criaturas e enerva-me as entranhas. já tentei explicar que “não é bonito”, mas não se aguenta (nem ele de falar, nem os outros de o ouvir).
a empatia e a assertividade devem conduzir o nosso comportamento social. a vaidade não nos pode cegar. e não me entendam mal, tenho imenso orgulho nos meus filhos, nos seus feitos e nas suas conquistas, mas são eles que têm de sentir este meu orgulho, por quem são e pelo que são, não por comparação com outros seres (a vida depois lhes trará isso).
mamãs e papás, não comparem os vossos filhos/as com os dos outros, olhem para as vossas estrelinhas e festejem cada conquista. não somos todos iguais, nem temos de ser. cada criança tem uma vida pela frente (assim desejamos) para se destacar, para descobrir as suas potencialidades, para brilhar. estejamos presentes.
se me perguntarem o que despoletou este momento, não terei resposta.
não houve um gatilho ou um acontecimento marcante que me “empurrasse” nesta direção.
quiçá foi o acumular de pequenos acontecimentos inconscientes que deram lugar a uma vontade consciente.
seja como for, eu que nunca fui uma pessoa de causas ambientais – as minhas foram sempre as sociais -, sinto agora a necessidade de me responsabilizar pelos meus comportamentos de consumo e pela forma como estes contribuem – bem ou mal - para a comunidade, o país e o planeta que me acolhe.
o ambiente está na moda, dirão alguns. na verdade está. ainda bem que está.
não sou de modas, direi eu. mas sou um ser em constante evolução, que aceita desafios e não foge de responsabilidades.
e no fundo eu e eles, eu e vocês ou apenas eu e o meu alter-ego, nada temos a justificar e a ninguém temos de convencer. o tentar – deixo aqui um grito mudo de humildade-, diminuir a minha pegada ecológica focada na diminuição do desperdício e do lixo produzido – no caminho de um zero utópico-, numa alimentação mais sustentável e numa diminuição do consumismo, foi uma escolha individual, mas que acabou por se tornarem familiar – um pouco em contracorrente, terei de confessar.
o consumo consciente não é fácil. sou de uma geração na qual mil coisas surgiram para facilitar a vida de uma população adulta absorvida por responsabilidades profissionais e desesperadamente a equilibrar a vida familiar – produtos descartáveis, comida embalada, produtos em doses individuais. coisas práticas que tornar o dia-a-dia mais simples. em simultâneo as coisas tornaram-se mais acessíveis a (quase) todos (roupa, acessórios, maquilhagem, decoração, brinquedos…) não se exigindo qualidade mas sim funcionalidade, originalidade e diversidade, as coisas não são feitas para durar porque as pessoas têm necessidade de ir trocando e adquirindo coisas novas, ao ritmo das “tendências”, das novidades e dos upgrades.
tomada a decisão comecei a investigar. das leituras realizadas ficaram três aspetos:
a mudança para uma vida mais sustentável, do ponto de vista ambiental, é uma caminhada e não um salto. exige que se interiorizem princípios, que se escolham caminhos, definam objetivos e proponham metas. é uma mudança integral, de dentro para fora, onde é necessário nos consciencializarmos do que pretendemos, do porque desta mudança, para depois, de forma sólida, avançar para as ações;
uma pequena mudança é uma vitória. nenhum de nós vai, individualmente, salvar o planeta, mas a ação de cada um, por mais pequena que possa ser, é um contributo positivo para uma força maior;
devemos evitar fundamentalismos. o processo de mudança diz respeito a cada um, na medida e no ritmo que lhe for possível; não esquecendo que o eliminar coisas que têm ainda utilidade por versões mais ecofriendly, incorre no princípio do reutilizar e diminuir o desperdício (neste caso de recursos) e o lixo (do que é descartado).
acredito que esta escolha, a longo prazo, simplificará a minha vida pois tem inerente a si o minimalismo e o consumo consciente.
fazemos esta viagem com calma, fascinados a cada descoberta – assim é quando conhecemos um novo mundo -, evitando o “consumismo” ecofriendly e os fundamentalismos.
irei partilhando as desventuras da minha jornada rumo à sustentabilidade ambiental, numa perspetiva para totós, sendo eu, também, tótó, e não na perspetiva de especialista no assunto, pois dele, efetivamente, pouco sei.
termino este meu manifesto de interesse com duas frases feitas:
todas as regras de feng shui referem que não devemos ter coisas partidas ou "paradas" em casa, pois estagnam o fluxo de energia.
naturalmente acumulamos coisas ao longo da vida, ano após ano, novas coisas se vão "instalando" na nossa casa. o desafio do desapego consiste em, durante um mês, desfazer-nos do que não precisamos, do que está a mais. procuramos por um lado espaços mais livres e minimalistas, por outro facilitar que a energia flua no nosso lar.
o desafio consiste em cada dia nos desfazermos do número de objetos equivalente ao número do dia. ou seja, no primeiro dia, um objeto; no segundo dia, dois objetos; ... no vigésimo nono dia, vinte e nove objetos; no trigésimo dia, 30 objetos.
agora que a princesa esta (quase) a chegar acho importante praticar este desapego, criar espaço para todas as boas energias que a minha pequena nos trará!
à primeira vista parece um desafio difícil, mas se pensarmos em roupa, revistas, produtos, medicamentos, caixas ou tampas de conservação, utensílios vários, material de escritório, coisas partidas, artigos de decoração, toalhas e outras roupas de casa, papelada, dossiês, acessórios, sapatos, brinquedos, maquilhagem... é um sem fim de coisas acumuladas e que sabemos que não tocámos há meses ou mesmo anos! ficam aqui outras sugestões.
o desapego não implica deitar fora, podemos doar. o que não tem espaço na nossa vida, pode ter espaço e ser necessário na vida de outros!
estou motivada para fazer o desafio no mês de outubro. espero ser consistente e daqui a um mês ter um espaço mais leve e menos poluído de coisas desnecessárias “porque menos –coisas- é mais –qualidade de vida-”. sendo hoje o primeiro dia, escolhi desfazer-me de uma panela de pressão eu a minha mãe me deu há anos e que nunca usei “por medo”!
alguém por aí com coragem para embarcar neste desafio?!
ao viver fui aprendendo que na vida não há certezas. o que é hoje, amanhã pode não ser. e o mais sábio é evitar usar as palavras "sempre" e "nunca".
certezas fora, acredito que na vida tudo tem uma razão de ser. não acredito num destino predefinido de sentido único. mas acredito que as nossas escolhas estão limitadas ou condicionadas por um conjunto de fatores (pessoais, sociais, culturais...); que temos uma missão a cumprir ou um desafio a superar.
o problema deste tipo de crenças surge quando somos colocados em situações em que nada parece fazer sentido, em que não encontramos o propósito daquilo acontecer e onde todas as escolhas possíveis comporta em si uma grande dor.
acredito que essas situações fazem parte do caminho que temos a percorrer, mas como fazer a "melhor" escolha?
como saber se escolher a fuga, mesmo que dolorosa agora, mas menos dramática a longo prazo, não implicará deixar a situação em aberto para resolver mais tarde, nesta ou noutra vida?
por ser uma pessoa de muita sorte estes percalços do destino, deixam-me completamente à toa, perdida, temerosa e indecisa.
devemos, nestas situações, minorar a dor a curto ou longo prazo? aceitar ou fugir do destino?
houve coisas que deixei para trás porque só faziam sentido em determinada fase da vida ou em determinada idade – não partilho da frase “nunca é tarde para fazermos o que queremos”.
isso entristece-me.
sei que é impossível fazer, numa vida só, tudo o que a minha vontade exige, por uma questão de tempo e de dinheiro. esta consciência trouxe uma nova relevância à palavra “escolhas”. mas surge aqui uma dualidade: como “esquecer” a opção que se deixou para trás?; como não sobrevaloriza-la por ser a preterida?; como gerir os “se’s”?
uma seca eu sei.
tenho imensa dificuldade em fazer escolhas. sobretudo porque quero tudo, fazer tudo, ter tudo. frustra-me a realidade de assim não ser. no entanto, passada a pressão da escolha, o sentimento de insegurança, o receio de estar a errar … (na maioria das vezes) vivo tranquilamente com a minha decisão. embora, surja por vezes, uma certa melancolia pelo que poderia ter sido, se a escolha fosse outra.
somos o resultado das nossas escolhas
e
muitas vezes é o que deixamos para trás que nos permite seguir em frente.
como explicar a amálgama de sentimentos que tantas vezes sentimos?
será verdade que é uma característica inerente ao género feminino?
seremos umas mais voláteis do que outras?
ou, no que diz respeito a relacionamentos amorosos temos todas as mesmas sombras?
confesso ter saudades do meu "primeiro amor"; não pela pessoa com quem partilhei essa história – embora o recorde com ternura, mas pela magia, a inocência e a certeza da eternidade daquele sentimento.
sei, agora, que nada é eterno. nem o bom, nem o mau. chata a vida que nos ensina a desconfiar!
à medida que fui crescendo e acumulando desgostos, as minhas entregas passaram a ser "acauteladas", as decisões ponderadas - levando ao extremo a racionalização do subjetivo - e o jogo de poder constante - para garantir que deixo claro que não estou para que me magoem.
agora, até prova em contrário, e inevitavelmente aberta a essa possibilidade em consequência dos meus relacionamentos passados e de tantos outros que acompanhei e acompanho, tenho o namorido p.e.r.f.e.i.t.o.! para além de lindo – sim, sei que o amor pode deturpar a minha análise, mas o que interessa é como eu o vejo - é inteligente, tem princípios firmes, sentido de humor e, o mais importante, paciência de santo para as minhas inseguranças a variações de humor! tem, no entanto, uma forte falha para um ser sensível como eu: é autocentrado e nada romântico. mas é bom recordar que referi ter o namorido p.e.r.f.e.i.t.o. e não o príncipe encantado!
perante este cenário, deveria estar feliz e aproveitar cada segundo na sua companhia... e é o que acontece... quando não sou possuída pela névoa da insegurança e o meu desejo irracional de ser o centro do seu mundo. por vezes sou tão infantil que nem eu mesma sei como lidar comigo! e é aqui que vejo naquele ser toda a perfeição e afeição do universo. lida comigo de forma tão assertiva que me faz sentir “idiota” pelos meus desvarios!
porque o faço pagar pelas minhas deambulações amorosas? porque não acredito cegamente no seu amor?
a vida torna-nos frios e racionais, desprovidos do encanto e a magia de acreditar no "foram felizes para sempre". este aspeto não te de ser um fator negativo. ter noção das fragilidades de um relacionamento permite-nos lidar com ele de uma forma mais construída e até prevenir certas situações que possam surgir e fazer mossas na relação.
um relacionamento implica sempre duas pessoas. e cada uma delas é um ser único e especial, com as suas “taras e manias”. cada um tem as suas necessidades, os seus valores e exigências … nem sempre são compatíveis ou entendidos pela outra pessoa. a consciência disto dá-nos uma arma poderosa para “salvar o amor”.
a experiência traz-nos a consciência de que as relações são frágeis e por isso têm de ser trabalhadas e alimentadas.
traz-nos também a sabedoria para aceitar que as pessoas não mudam. ou seja, não mudam traços da sua personalidade, podem mudar alguns comportamentos, mas não mudam a base destes. assim, se o nosso companheiro tiver uma característica com a qual não conseguimos lidar, o melhor é deixar o barco enquanto a maré está calma.
a paixão surge naturalmente e é maravilhosa, mas um relacionamento estável e feliz é construído. essa construção exige trabalho, aceitação, entrega, partilha, empatia, sentido de humor, respeito e valorização do outro.
nem sempre é fácil, ou quiçá, nem sempre é difícil… todavia a cumplicidade atingida e a certeza do afeto do outro, valem bem a pena!
esta afirmação torna-se paradoxal nas relações por afinidade. teremos o direito de negar a relação com uma pessoa que seja significativa para alguém que amamos? independentemente das razões - reais ou imaginárias - que possam existir.
já todos questionamos (pelo menos mentalmente) a escolha de namorad@ dos noss@ss amig@s? do nosso irmão? da nossa filha? - vá não neguem! e, nesses casos, puxando da nossa maturidade, engolimos as nossas questões e apoiamos. porque este é o limite da nossa liberdade: a liberdade do outro. nestas relações afetivas a escolha não é nossa - nem tem de ser, a relação é deles. e, caso não se verifique nada que vá contra o bem-estar de quem amamos (violência, traição, parasitismo…), pomos o melhor sorriso e extravasamos simpatia, para não causar tristeza naquela pessoa de quem tanto gostamos. aqui, car@s, temos que relacionar-nos mesmo que não gostemos da pessoa, sobrepondo o nosso amor por alguém à antipatia por outro (mesmo que intragável).
Por acreditar e praticar isto, quando surge na minha vida uma pessoa infantil e egoísta que não respeita a escolha do outro, fazendo exigências e ameaças, fico azul! como lidar com alguém que não se importa de magoar quem amamos?
esta é uma situação pessoal que me aflige há já algum tempo, no entanto quero esclarecer que não tenho nenhuma mágoa por um estranho não gostar de mim, honestamente. até é gratificantes não despender o meu tempo e energia a tentar ser simpática. mas incomoda-me por ser uma situação que afeta e entristece a pessoa que amo - um ser equilibrado que tenta gerir a situação, lidando com a pressão e esperando que, como se por magia, ela desaparece-se (a situação, é claro)
como pode um adulto magoar quem ama? afastá-lo de si?
eu sei que é recorrente nas relações amorosas, mas nas filiais que sentido faz?