tenho vindo a trilhar o caminho rumo a uma vida mais sustentável. venho partilhar a minha experiência esperando demonstrar que pode ser um processo simples e ao acesso de qualquer pessoa.
começo por apresentar os dois princípios que norteiam a minha caminhada:
assumo pequenos passos, dados de forma consistente e ajustados à minha vida. acredito que uma mudança de comportamento, para ser efetiva, deve ser gradual.
fujo de utopias e de fundamentalismos. tento ser razoável e defendo que qualquer passo, por mais pequeno que seja, rumo a uma atitude mais sustentável é já um contributo para um mundo melhor.
desde o final do ano passado que tenho vindo a ler e aprender sobre como ser mais responsável com o ambiente através de comportamentos sustentáveis. béa johnson é um ícone incontestável - pioneira do movimento desperdício zero. como inspirações nacionais encontrei, entre outras, ana milhazes (ana, go slowly!) e eunice maia (maria granel). tenho assistido a vários webinares (alguns disponibilizados na app da edp zero) e ouvido podcast. quanto mais leio, mais vejo, mais oiço, mais verifico que há uma diversidade de coisas que podemos fazer para sermos cidadãos e cidadãs mais responsáveis com o ambiente. com mais ou menos envolvimento, mudanças mais ou menos radicais, o importante é não ignorar que o nosso comportamento e as nossas escolhas influenciam o mundo em que vivemos – para melhor ou para pior.
neste momento fujo de qualquer coisa que complique o meu dia-a-dia, já bastante atribulado, por isso fui muito consciente e honesta, de mim para mim, com os compromissos que decidi assumir. inspirada nos 5 rs da béa ( recusar, reduzir, reutilizar, reciclar e compostar - rot) defini e comprometi-me com algumas ações que acreditei serem fazíveis, baseadas na compra consciente e na procura de alternativas mais amigas do ambiente para as coisas do dia-a-dia.
assim, partilho as minhas escolhas para uma vida mais sustentável:
uso garrafa reutilizável para água. bebo muita água e gosto de a ter sempre por perto. em simultâneo, sou um pouco esquisita nas garrafas reutilizáveis. detesto o sabor do plástico e do alumínio, por isso a minha opção é sempre o vidro. no entanto para transporte a de vidro não é a mais segura (mesmo com vidro resistente). depois de muito procurar encontrei uma alternativa que me satisfaz muito (pela capacidade – 600ml, por ser de vidro mas ter proteção e pelo facto de a parte de baixo abrir para lavar o fundo da garrafa, ser bonita é também um aspeto positivo).
utilizo copo com filtro paracafé. adoro café - do expresso ao americano. um dos meus objetivos é reduzir o consumo de café em capsulas (não sou capaz, ainda, de abdicar do expresso ao acordar, mas comecei a reciclar as capsulas que utilizo). encontrei este copo com filtro para fazer café e adoro! é amigo do ambiente, pois para um bom café só precisamos de…café e água quente!
diminuí o lixo relacionado com as embalagens. deixei de adquirir produtos frescos embalados (saladas, legumes, carne e peixe); opto por iogurtes e outros alimentos sem duplo embalamento e, sempre que possível, compro embalagens com maior capacidade (por exemplo, em casa usamos muita aveia, em vez de comprar embalagens de 400g, compro embalagens de 1 kg; como faço pão e bolachas em casa, em vez de comprar sacos de 1 kg de farinha, compro sacos de 5kg; não compro embalagens individuais de bolachas ou leite, compro os tamanhos maiores e, se necessário, levo pequenas quantidades em embalagens reutilizáveis). sempre que possível compro a granel com os meus próprios sacos reutilizáveis. passei a optar também por sabonete e champô sólido.
diminuí o consumo de produtos de origem animal. desde o início do ano que faço uma alimentação mista confecionando uma refeição vegetariana por dia. para este objetivo muito ajudou a participação no desafio vegetariano, um programa gratuito através do qual ficamos a conhecer um pouco mais sobre a pegada ecológica relacionada com a alimentação, aprendemos receitas e esclarecemos dúvidas. não pretendo, pelo menos por enquanto, deixar de consumir produtos de origem animal, mas acredito que diminuir o seu consumo para metade (x 3 pessoas) é já um contributo.
luto contra o desperdício alimentar através de compras mais conscientes, da utilização mais integral dos alimentos frescos e de uma melhor organização/planeamento das refeições.
recuso o que não preciso. parece simples e até óbvio, mas na prática custa recusar as borla, ofertas e amostras. eu já fui daquelas meninas que nos festivais papava todos os brindes e ao chegar a casa remetia-os para uma gaveta até um dia irem para o lixo. agora reflito sobre se vou precisar ou não do que me é oferecido, se vou usar, se quero contribuir para a produção daquele tipo de produto/embalagem (o tamanho de uma amostra justificará o desperdício/lixo que produz ou os recursos consumidos para a sua produção?).
dou nova vida às coisas. sabiam, por exemplo, que uns collants estragados podem transformar-se em elásticos para o cabelo, em saquinhos para aproveitar restos de sabão ou champô sólido, para guardar alhos e cebolas ou para dar graxa aos sapatos?! Que os frascos de alimentos são excelentes para guardar cereais, bolachas, leguminosas, farinhas, legumes, ... para além de muito práticos, ficam lindos.
que podemos fazer acendalhas, para acender a lareira ou a churrasqueira, utilizando rolhas de cortiça e álcool etílico. simples, barato e com desperdício zero!
arranjo o que se estraga (sempre que possível). voltei a fazer remendos de forma criativa customizando as peças.
reduzi a aquisição de roupa, calçado e acessórios, para mim e para os miúdos. era uma compradora compulsiva. comprava porque sim, não porque precisasse. estou a fazer uma experiência muito gira: o armário capsula. o escolher as peças para constituir o armário fez-me ter uma maior consciência da forma como lidava com a roupa. agora, seguindo as dicas de vivi cardinali, consigo viver com 40 peças de vestuário e continuo linda e com estilo.
diminuí o consumo de combustíveis fósseis aproveitando o apoio do fundo ambiental para edifícios mais sustentáveis, alterando o meu sistema de aquecimento de água.
reduzi o papel referentes a pagamentos e transações. as faturas recorrentes são em suporte digital e uso a app do meu banco para consultar estratos e movimentos de conta.
com algumas destas ações diminui a produção de lixo indiferenciado em casa de 5 para 2 sacos semanais. e acredito que reduzirei ainda mais, estou no bom caminho!
do que tenho experimentado até agora acredito que uma vida mais sustentável ambientalmente consiste, em grande parte, em viver de forma consciente cada escolha e reduzir o que temos para o essencial, funcional e que nos dá prazer. isto traduz-se em mais qualidade de vida, mais poupança, mais liberdade e mais tempo para ser feliz!
estou numa luta para mudar os meus comportamentos, numa perspetiva de minimalismo e de combate ao consumismo (um dos meus pecados capitais - versão séc. xxi).
não sou ambientalista (acreditando que o “ista” pode ser sinónimo de conhecedora de), mas acredito que tod@s nós temos de repensar comportamentos e melhor gerir as nossas opções. a economia circular e a reutilização a meu ver não são chavões da moda, mas sim uma tendência para reduzir o nosso impacto negativo no mundo que nos acolhe.
o natal é por si um apelo ao consumismo. a vontade de agradar a quem amamos e o bombardeamento de coisas que há por todo lado faz-nos desejar tudo! e, como diria o outro (que nunca sabemos quem é o outro), a carne é fraca.
no que toca às crianças, sobretudo às nossas, pequenos seres merecedores do mundo, parece que tudo lhes faz falta e que nada é demais para os fazer felizes. mas, em boa verdade, elas têm imensas dificuldades em lidar com muitos estímulos em simultâneo, e o receberem muitos presentes faz com que não valorizem verdadeiramente (quase) nenhum; para além de quê, na maioria das vezes, o que as faz dar gargalhadas e serem felizes não são coisas!
num momento de morte aos neurónios, quando passava pelo feed do facebook, encontrei um artigo, num site espanhol que acompanho, sobre a regra dos quatro presentes de natal para crianças, mas que acredito que se aplique também para o aniversário ou outras datas em que sejam merecedoras de afagos materiais.
as regras são simples e, como quase sempre, bastante óbvias. o objetivo é procurar o equilíbrio, permitir que a criança valorize o que recebe e mantenha acesso o desejo.
fiz uma breve pesquisa junto do dr. google e não consegui descobrir a sábia mente que criou estas regras, pelo que não podendo citar uma fonte, cito a sra. “é tão óbvio que me apetece esbofetear-me por não ter pensado nisto”.
as quatro regras são então:
.1. uma peça para usarem (roupa, calçado ou acessórios)
.2. um livro
.3. algo que ela precise (para a escola, para o desporto que pratica ou o seu passatempo preferido …)
.4. algo que deseje (por norma bem espelhado na carta que escreve ao pai natal – um sinal da mudança dos tempos é quando uma carta ao pai natal tem uma lista de presentes e não apenas “aquele” presente tão desejado)
os tais especialistas afirmam também que estes presentes têm de ser selecionados tendo em conta a idade e as características/gostos da criança, devendo favorecer a interação social e com o meio envolvente/natureza, contribuindo para o saudável e harmonioso desenvolvimento físico, cognitivo e emocional – ou seja, coisa pouca!
este natal já não vou a tempo de cumprir com a regra dos quatro presentes – compro tudo com muita antecedência para ter a certeza que está tudo perfeito no dia (montado e verificada a usabilidade) e também para fugir ao stress das prendas de última hora-, mas intuitivamente safei-me nas características que as prendas devem ter (ufa).
assim, a minha pequena de dois anos vai receber: um triciclo que promove o desenvolvimento motor e a coordenação, a resistência a frustração e a persistência, bem como, favorece as atividades ao ar livre! (um ponto para a mami!); uma cozinha que promove o desenvolvimento da imaginação e a interação social, ambos através do “jogo do faz de conta” (e vão dois pontos para a mami); o livro “da cabeça até aos pés” de eric carle que para além de promover o gosto pela leitura convida o pequeno “leitor” a imitar os movimentos das várias personagens e a relação afetiva com o seu/sua companheiro/a de leitura (desenvolvimento cognitivo + motor + emocional, boa mami! mais um ponto); dois jogos: um de encaixe e outro de equilíbrio, ambos visando o desenvolvimento de competências cognitivas e de motricidade fina (aqui a mami por ultrapassar o n.º de presentes aconselhado não ganha pontos!)
confesso que nesta idade não considero os objetos de vestuário, calçado e afins como presentes, vejo-o como um bem essencial – embora assuma que ultrapasso em larga medida o que é essencial, mas juro que estou a trabalhar no sentido de melhorar esta característica!
bom natal e boas compras – controladas e certeiras!
antes de começares a ler, quero deixar um alerta: não pretendo ferir suscetibilidades, não pretendo fazer uma condenação, não quero sequer fazer um julgamento. sinto apenas a necessidade de “botar cá para fora” as minhas inquietações.
numa perspetiva meramente estatística: qual o número de pessoas que se suicidaram que cabe conhecer a cada um de nós?
recentemente, mais uma pessoa que conhecia acabou com a sua vida (a terceira num espaço de 3 anos).
nas últimas semanas tenho lutado por controlar o sentimento de raiva que esta situação me despertou. resultado: uma terrível baixa das minhas defesas - em consequência de noites mal dormidas-, e uma acentuada falta de concentração.
não consigo entender o que passa pela cabeça das pessoas que tomam essa decisão. não consigo perceber se é angústia, dor, incompreensão, isolamento ou impulso. mas há uma característica que parece ser consensual e transversal a todas as situações de suicídio: o egoísmo.
a falta de empatia para “quem fica” de coração despedaçado e mente cheia de dúvidas.
é uma partida inesperada e cujas causas ficam, na maior parte das vezes, por descobrir.
tenho uma amiga que defende que o suicídio, da pessoa em causa, foi um ato de coragem. entendo que hajam percetivas diferentes da minha, mas para mim coragem é acordar cada manhã sabendo que o dia não vai ser fácil, mas mesmo assim ter capacidade para o enfrentar. desistir e abandonar a luta que é viver, não é coragem, mas sim cobardia.
tenho-me agarrado à ideia da existência de problemas psicológicos não diagnosticados. uma forma plausível de acreditar que a decisão esteve para além da vontade da pessoa.
para além da pessoa que decide partir sem avisar, existem as pessoas que carecem de sensibilidade e bom senso e que vão questionando as pessoas mais próximas da vítima: “não repararam em nada; não viram os sinais; não seria uma situação anunciada? o que esperam estes obter como resposta? um "claro que reparei, mas deixei que se matasse!"?
pois como todos sabemos, familiares e amigos necessitassem certamente de (mais) motivos para fazerem crescer em si uma culpa sem fundamento. e não me vou estender aqui com a curiosidade mórbida daqueles que querem saber todos os pormenores.
por último, quero falar das mães e dos pais, que não estando preparados para verem partir os filhos, seja por que causa for, levam com o choque destes partirem por decisão própria. chamando a si, mesmo que de modo inconsciente, toda a responsabilidade, por não os terem conseguido proteger.
uma morte tem sempre danos colaterais; um suicídio agrava-os e perpetua-os.
uns poderão responder que é o conhecer outros lugares ou, o ver outras realidades ou, ainda, conhecer novas pessoas e formas de estar; outros poderão dizer que é uma forma de sentir a imensidão do mundo ou a diversidade de formas de ver e sentir o outro.
haverá ainda quem, simplesmente, responda: porque gosto! ou, porque me da prazer! porque quebra a rotina ou porque me desperta os sentidos.
outras respostas existirão.
muitas pessoas não sentirão esta chamada, gosto ou necessidade de partir à descoberta do que o país, o continente e/ou o mundo tem para lhes oferecer.
eu, no purismo da verdade, é de mim que posso falar, viajo pelo prazer da descoberta de outros lugares e de outras formas de estar; fascinam-me os edifícios históricos e obras de arte, assim com as peripécias da d. arminda ou o tintinho que o sr. antónio oferece com orgulho.
gosto de ir aos locais e investir algum tempo a observar as pessoas, a ver a dinâmica local, a sentir o seu pulsar! perturba-me o "ir de passagem": um belo local, uma vibrante cidade, descaracterizam-se sem o seu entorno e suas gentes.
adoraria ser uma cidadã do mundo, com a garantia do aconchego do meu povo, mas com a liberdade de passar o tempo, que sentisse necessário, em cada lugar, de ter tempo para me entranhar nos locais, de me deixar mergulhar nas dinâmicas sociais, de conhecer as histórias das pessoas ...seria uma aventura genuinamente enriquecedora!
esta manhã ouvi na rádio “portugal ultrapassou a rússia no consumo de álcool” e pensei “gooooooooolo”. não tem nada a ver, eu sei, mas pareceu-me, estupidamente, uma vitória.
mais, estamos acima da média europeia! e pensei, como o slogam da rtp “somos o primeiro!” (espero que tenham conseguido ler a frase entoando o slogam ao ritmo certo).
depois cheguei a casa e a dura realidade caiu sobre mim: não somos os primeiros - parece que a república da moldova (google it) vai quase 3 pontos percentuais acima de portugal; e não aumentámos o nosso consumo de álcool…ou russos é que diminuíram o deles (parece que andavam a ser ameaçados de levar tau-tau).
resumindo e concluindo…continuamos sem grande importância na europa, embora pelo bem da nossa autoestima, estamos um bocadinho acima da média europeia no que respeita ao consumo de álccol (mais 2,5% yupi)!
o que ganhamos com isto? que haja uma proposta para o aumento dos preços do álcool!
não acho bem!
nestas, como noutras notícias, fiquei sem perceber como foram apurados os dados. falam de inquéritos, mas não dizem qual a amostra, nem como estavam estes construídos. questiono se os camones, os listos, os avecs, e todos os outros que nos escolhem (ainda bem para a nossa economia) para passar férias não ajudarão para estes números – não é que eu não beba os meus 12, 3 litros de bebidas alcoólicas por ano!
desde cedo descobri que detestava andar em rebanho.
ir onde todos vão, fazer o que todos fazem. apenas porque sim.
diluir-me no todo.
nunca percebi o problema da ovelha negra.
não é ela a mais recordada e nomeada?
não é ela a que mais se destaca por ser diferente?
que mal tem isso?
se eu estivesse num rebanho seria essa ovelha que eu quereria ser
- que se note que não almejo ser o pastor –
custa-me a compreender a necessidade de certas pessoas em nos quererem obrigar a ir no rebanho; que ficam ofendidas se não aceitarmos o – nada inocente – convite.
pessoas que reclamam uma dívida para com elas só porque decidiram – de livre e espontânea vontade – fazer o que aos seus olhos é simpático para nós.
não me interpretem mal, não sou uma pessoa ingrata. mas não gosto que outros me imponham a sua “boa vontade”.
na minha perspetiva isso não é simpatia, é intromissão.
e quando acham que o que decidiram fazer “por nós” exige a nossa gratidão e obediência, vejo-me perante uma situação – de tentativa – de manipulação.
pessoas lindas deste planeta, por favor entendam, que o que vocês querem para vocês pode não ser o que as pessoas querem para si. acreditem ou não, somos diferentes. aquela expressão de trata os outros como gostaria que te tratassem a ti não é para ser levada à letra. é apenas uma ideia global de que devemos respeitar os outros… também nas suas diferenças.
se fizerem algo por alguém, sem que esse alguém vos tenha pedido, entendam que, eventualmente, poderão estar a exceder o vosso espaço de intervenção e, sim, poderão não receber gratidão.
boa vontade e intromissão estão, como as nádegas, divididas por uma linha muito ténue.
não vou mentir se disser que compro a maior parte da nossa roupa nos saldos. acredito que com uma lista dos básicos necessários e uma margem para “perder a cabeça” se adquire um excelente “guarda-fatos” a bom preço.
não digo que gaste menos, seria mentira. gasto o mesmo mas em peças de maior qualidade. determino um orçamento e lá vou eu.
com a pequena, a paciência para andar em lojas físicas é quase igual a zero. prefiro o conforto do lar, enquanto ela está entretida a brincar ou a dormir as sonecas, para “ir às compras” no meu computador.
o site da chicco é logo o primeiro a ser visitado. com desconto de 60% em vestuário compram-se básicos de qualidade a preços muito bons (para obter esta promoção tem de ter o babycard - que não tem custos).
depois segue a ronda pelo site da zara, zara home (pijamas e pantufas), mango e mango outlet, todos com peças com design moderno a preços simpáticos.
para quem tem meninas o site da moda minis é (quase) obrigatório (mas devemos esperar pelos segundos saldos para preços efetivamente bons), o mesmo se aplica ao site da lanidor.
este ano experimentei pela primeira vez o site da kiabi (nunca tinha comprado nada da marca, nem em lojas físicas). a qualidade é bastante próxima da primark, nem muito bom, nem muito mau – mas com t-shirts a 1€ não se pode ser muito exigente.
para sapatos, embora a biomecanics seja a minha marca de eleição (o design e qualidade do calçado é excecional) os descontos nunca ultrapassam os 20% (ficando cada par em média a 45€), a opção mais em conta, tendo em atenção preço/qualidade é a geox, no site os descontos atingem os 50%.
visita obrigatória num dia de shopping é a pré-natal (não tem venda online), a h&m (encontro sempre melhores oportunidades nas lojas físicas do que no site).
sempre gostei de estações e aeroportos. conseguimos ali, de forma concentrada - versão sunquick da vida, sentir um pouco da diversidade humana.
hoje estava na estação à espera do comboio e enquanto olhava para os carris e vagueava nos meus pensamentos veio-me a memoria uma situação que aconteceu há cerca de dois anos: um puto (21 anos) super maduro, divertido e com muita pinta (com quem conversava sem nunca lhe atribuir a idade real - tirando a imberbe beleza do seu sorriso) tinha-se suicidado, atirando-se a um comboio de mercadoria.
na zona em que vivo há em média uma situação por ano deste modo de pôr termo à vida. este miúdo de todo não se enquadrava no perfil (que eu tinha idealizado) das pessoas que desistem da viver.
em simultâneo com esta reflexão, veio a lembrançade um pavor imenso que tinha de mim mesma nos tempos do liceu. um receio que só muitos anos depois fui capaz de partilhar com outra pessoa.
fiz o secundário numa localidade distinta daquela em que residia. o meio de transporte utilizado para ir para a escola era o comboio. enquanto esperava por aqueleque me levaria ao meu destino, sempre que passava um comboio sem paragem (assim anunciava o sr. da cp) eu sentia uma forte inquietação.
ouvia o som intenso comboio a aproximar-se a alta velocidade e tinha uma forte vontade de me levantar e correr até ele.
nada teve a ver com vontade de me matar. não consigo ainda hoje explicar o que sentia. era um desejo irracional. o som excitava-me, a velocidade puxava por mim. eu conseguia visualizar-me a levantar e correr em direção a esse som que me chamava. parece loucura eu sei. sempre pensei o mesmo.
sempre que tal acontecia concentrava-me e fixava as minhas mãos com força, por debaixo das pernas, no banco frio da estação. nunca estava sozinha, mas nunca ninguém reparou nestes meus momentos de isolamento.
na altura pensei contar à minha mãe, mas desisti da ideia. conhecendo-a iria certamente dizer que era o espirito de alguém no meu corpo. sim, ela acredita nessas coisas. ela e as irmãs. por exemplo, tive um primo claramente toxicodependente que quando tinha crises de ressaca a minha tia dizia que estava a ser possuído pelo espírito do meu avô!
pensei contar às minhas amigas, mas como qualquer adolescente, tinha medo do que aquilo ia dar. por isso calei e lidei o melhor que soube com a situação, e vamos assumir que lidei muito bem, visto que não mergulhei em nenhuma linha da refer.
com o passar dos anos, sem saber porque este desejo foi acalmando. é verdade que agora ando muito menos de comboio, mas quando ando, já não me surgem estes pensamentos.
hoje tive tempo para pensar em tudo isto. hoje pensei que aquele puto com uma sabedoria estranha para a idade, talvez não quis por fim à sua vida; talvez, apenas não foi capaz de controlar os seus impulsos.
todos temos rótulos, todos rotulamos. é uma dinâmica social difícil de combater.
mas o facto de ser difícil não quer dizer que não se tente 💪
a cátia do blog the pink elephant shoe despertou a minha atenção para este assunto através de uma publicação no seu instagram, penso que poderíamos aproveitar e refletir um pouco sobre esta questão.
que rótulos fomos recebendo ao longo da vida? no meu caso o rótulo que vence é o de arrogante - os outros são bastante próximos: petulante, convencida -, imagino que seja por defender o meu ponto de vista - e quase sempre tenho uma opinião! - sem fundamentalisos; por ser uma mulher segura de sí e das suas escolhas; e por não ter grande paciência para queixumes (vitimizações, críticas, aiaiai...).
o que sinto em relação ao rótulo? obviamente que não gosto, sobretudo porque acho que sou bastante assertiva e educada para com o mundo, mas sei lá eu ... pode ser a minha arrogância que me cega 😜 ninguém gosta de ser julgada e condenada sem ser tida nem achada.
se ponho rótulos aos outros? sim, evito fazê-lo, mas por vezes, distraio-me e acontece. é como se habitasse em mim um monstrinho que quando me apanha distraída entra em ação e, quando me apercebo, lá estou eu a julgar ou rotular alguém que nem ou mal conheço.
é importante falarmos disto. porque mesmo quem é contra o rótulo, muitas vezes acaba por rotular. vamos consciencializar-nos deste ciclo de rotulagem e romper com ele!
qual o teu rótulo?!
se tiveres instagram podes partilhar o teu e juntar-te a esta reflexão partilhando-o com o hashtag #esteeomeurotulo
depois dos 30 desenvolvi uma certa alergia à idade (à minha).
a ideia de envelhecer é assustadora, e não se pense que é porque tenho mais 10 brancas ou 2 rugas novas - embora não negue que incomoda um pouquinho, é sobretudo pela perca de “tempo”, ou seja, cada ano que passa é menos um ano que tenho (independentemente de ainda ter mais 5, 15 ou 50 pela frente), e independentemente de tudo o que fiz no último ano ou na minha vida até agora.
sempre fui um ser insatisfeito (fá incondicional de antónio variações). sempre quis mais, fazer mais, conhecer mais, viver mais experiências.
porém há coisas que ou se fazem em determinada idade ou ficam desprovidas de sentido. não sou extremista, mas há coisas que têm o seu tempo e o seu contexto. por exemplo, sempre quis fazer um interrail pela europa, durante o liceu a nega dos meus pais foi constante, durante a faculdade as despesas eram focadas na minha educação e isso seria um luxo, quando comecei a trabalhar, nunca pude ter o tempo de férias seguido exigido para esta aventura… portanto fui assumindo que nunca faria um (na reforma talvez de autocaravana). agora acontece o mesmo com a gravidez, tenho de decidir avançar ou não, porque sinto o tempo a fugir. sim, eu sei que há mulheres a engravidar aos 50, 60, 70 … mas a minha questão (respeitando as opções dos outros) não é o simples ato biológico da conceção e gravidez. a minha questão é ter tempo útil para educar um ser humano, para o acompanhar, dar-lhe a possibilidade de conhecer e conviver com os avós… a questão não é a minha idade quando tudo começa, mas até onde pode ir.
em portugal o estigma da idade ainda existe em determinadas profissões - parece que a validade é até aos 35 anos. por outro lado daqui a nada o cartão jovem chega também aos 35. um contrassenso?! a idade começa a ter diversas abordagens, regalias e limitações, um misto que traz uma certa indefinição, o que, no limite, faz com que a sua importância se anule.
já me mentalizei (acho eu) que uma vida não chega para todos os anseios que trago em mim. no entanto ainda não encontrei a paz para viver segundo essa visão.
um outro aspeto que odeio no facto de fazer anos é a manifestação de afeto. nunca lidei bem com o afeto, faz-me sentir frágil. sempre transportei uma capa de dureza, autonomia, altivez e arrogância… ajuda a manter as pessoas que não interessam à distância e as que gostamos numa linha de segurança que temem ultrapassar.
já fiz muita estupidez no meu dia de aniversário. nenhum corre bem. tento de mais ou tento de menos ignorar o dia. tem sido engraçado ver como as pessoas que nos amam respeitam estas paranoias / fragilidades. por exemplo, mandam mensagens de parabéns – honestas mas contidas e, em presença, nem mencionam o assunto… amo esta compreensão e respeito!
mas pronto… lá vem mais um … avizinha-se mais um dia de crise (a sorte é que é só um por ano)