posições
quarta a noite chego a casa depois de uns merecidos dias de férias.
trato da pequena, deito-a.
vou buscar uns cereais e atiro-me no sofá.
ligo a televisão no sic notícias - apenas para conferir que o mundo está onde o deixei.
o.mais.que.tudo., munido de um grande hambúrguer, senta-se a meu lado (no parco espaço que lhe deixei).
na televisão estão 7 candidatos às europeias e um jornalista a moderar as intervenções.
ouvimos e vamos partilhando os nossos pontos de vista – sem grande garra, pois o cansaço da viagem faz-se sentir. mas sem conseguir contornar as posturas que toldam o nosso raciocínio e que nos põem em campos opostos na análise dos argumentos dos candidatos.
eu sou claramente de esquerda, ele de direita (sem extremos em nenhum dos lados). ele usa argumentos do género “já vistes quantas vezes o candidato do cdu diz trabalhadores no seu discurso?” “é só pedir, é só direitos, como querem usufruir sem se preocupar em criar riqueza?!” embora compreenda alguns dos seus argumentos - e os valide-, tentei que percebesse que se todos ganhássemos mais, se houvesse um menor fosso entre classes, haveria uma sociedade contributiva mais justas. “claro” – diz ele, “mas então que trabalhem, que produzam, que criem riqueza”, “que não parem o país com greves, que aproximem a exigência e a eficiência entre os setores público e o privado.”
mais argumentos se seguiram…
cansada e sem lhe querer dar grande razão, afundei-me no seu colo e adormeci.
imagem retirada daqui