pais gabarolas
parentalidade
há 3 anos atrás era eu mãe de primeira viagem. aderi a vários grupos de fecebook de mamãs, para me sentir acompanhada nesta viagem. houve momentos em que estes grupos foram de bastante ajuda, outros em que foram assustadores por demonstrarem que as mamãs podem ser seres cruéis e mesquinhos (umas para as outras) e outros em que se assistia, apenas, a uma feira de vaidades. juntando os dois últimos pontos mencionados, lembro-me de várias situações em que aconteciam coisas deste género:
- uma mamã pede ajuda para tentar verificar se é “normal” que a filha/o aos dois anos ainda não falar. a resposta de uma mãe: “o meu é super desenvolvido, fala desde que tem um ano, no infantário dizem que é o mais desenvolvido”. serei eu a única a questionar o que raio tem esta resposta a ver com a dúvida/ansiedade partilhada pela outra mãe?!
- uma mamã inicia uma conversa descrevendo todos os feitos do filho de 6 meses: gatinha, põe-se de pé, bate palmas e quiçá, não me recordo bem, falava inglês. muitas mães na sua simpatia respondiam dando os parabéns por tal desenvolvimento outras desejando que a sua criatura tivesse o mesmo nível de desenvolvimento.
todas as mães, todos os pais, têm orgulho nas conquistas das suas crias. mas essas conquistas são individuais e têm a ver com inúmeros fatores. não são uma corrida, não há competição ou não deveria haver.
a minha filha sempre teve o seu ritmo, nunca foi precoce em nada, embora tenha atingido os patamares de desenvolvimento no tempo estipulado por quem disso sabe.
agora, na segunda viagem desta aventura exigentemente desafiadora de ser mãe, tenho um filho que não tem tempo a perder. fez as aquisições motoras muito cedo (erguer, virar, gatinhar, andar… e em breve, temo mas sei, trepar, escalar e quiçá até voar!).
dois filhos, dois ritmos de desenvolvimento completamente diferentes.
e não, não estou nos grupos de mamãs de facebook a dizer que tenho um nélson évora.
no entanto, há algo que por cá ocorre que me tem irritado. tenho uma sobrinha que é 3 meses mais velha do que o meu catraio, com um ritmo de desenvolvimento perfeitamente normal. o progenitor cá de casa sofre do síndrome de mãe de grupo de facebook. quando está junto do irmão não para de elogiar os feitos do filho, enaltecendo o futuro spider man que por cá temos. faz comparações entre as criaturas e enerva-me as entranhas. já tentei explicar que “não é bonito”, mas não se aguenta (nem ele de falar, nem os outros de o ouvir).
a empatia e a assertividade devem conduzir o nosso comportamento social. a vaidade não nos pode cegar. e não me entendam mal, tenho imenso orgulho nos meus filhos, nos seus feitos e nas suas conquistas, mas são eles que têm de sentir este meu orgulho, por quem são e pelo que são, não por comparação com outros seres (a vida depois lhes trará isso).
mamãs e papás, não comparem os vossos filhos/as com os dos outros, olhem para as vossas estrelinhas e festejem cada conquista. não somos todos iguais, nem temos de ser. cada criança tem uma vida pela frente (assim desejamos) para se destacar, para descobrir as suas potencialidades, para brilhar. estejamos presentes.