mãe em burn out
a minha filha é muito boa para a mamã: dorme desde o 1.º mês a noite toda, come sem se queixar, adormece sozinha na caminha dela, adora tomar banho, é sociável e só chora se algo não estiver bem.
pelo menos assim era até há uma semana atrás.
agora dorme mal, acorda várias vezes durante a noite e chega a demora até três hora até voltar a adormecer (chorando sempre). durante o dia é exigente de atenção, não está bem de forma alguma - no chão, no colo, sentada, deitada, a brincar, a olhar para a tv. crise de crescimento lê-se por aí. quiçá. se for, que passe rápido… por favor!
ando exausta. ela nunca me preparou para isto.
hoje caiu da cama.
eu desabei.
foi como se toda a pressão acumulada na última semana se soltasse.
senti-me perdia.
culpada.
má mãe.
pedi desculpas. chorei (mais que ela que mal se queixou).
sei que a culpa é um sentimento que atormenta as mães. é horrível senti-lo. somos suscetíveis de falhar. mas não nos permitimos fazê-lo. tenho consciência disso. racionalmente deveria ser capaz de aceitar que “estas coisas acontecem” por mais atenção e cuidado que se tenha. e aceito. mas depois há a parte emocional do cérebro que me fustiga com o sentimento de culpa: “sim, pode acontecer, mas não deverias permitir que acontecesse. deverias ter mais cuidado. estar mais atenta.”
passados 8 meses sinto-me naquele limiar entre o estar bem e o definitivamente não o estar. aguantei-me sem pirar durante 8 meses. já não é mau. quer dizer… houve uma fase por volta dos dois meses que também não foi nada fácil – a fase das cólicas e das dores/choro constante.
sou boa mãe. sei que o sou. estou sozinha com a pequena 80% do tempo (o pai esta ausente por logos períodos por questões profissionais e não tenho família por perto). no entanto, o peso da responsabilidade autoimposta é avassalador.
se as crianças têm assua crises de crescimento, quiçá as mães também tenham as suas de “burn out”. e, se assim é, eu estou, sem dúvida, a passar por uma dessas.
desde que voltei ao trabalho que não tenho hora de almoço para a pequena passar o menos tempo possível na creche. estou cansada. hoje decidi que a vou buscar mais tarde.
se me sino em com esta decisão, não.
se preciso de o fazer, sim.
preciso de um tempo sozinha, sem choro, sem exigência, sem medo de estar a falhar ou de não ser o boa o suficiente.
enquanto escreve este texto escorrem-me as lágrimas pela tomada de consciência da minha fragilidade e pela culpa de precisar de “um tempo” sem ela.
raios que isto da maternidade é complicado!
imagem retirada daqui