lição de vida
para quem quer ser feliz
sou um ser egoísta, não posso negar.
procuro o que me dá prazer e o que me faz bem. não prejudico ninguém, pelo menos de forma consciente, e vivo conscientemente.
não tenho paciência para o aiai, aiaiai de muita gente.
acredito que não tenho de gostar de toda a gente, nem toda a gente tem de gostar de mim!
também já fui uma aiai, aiaiai! não profissional, mas admitindo que tinha algum prazer em lamentar-me ao nível de uma atriz de uma qualquer telenovela mexicana.
num daqueles dias de aiai, aiaiai por causa de um qualquer mal de amor, que era incontestavelmente o homem da minha vida (como foram outros a seguir), estava eu afundada numa brutal infelicidade, quando por outra adversidade do universo - o de não ser milionária - tive de me arrastar para o trabalho. tinha agendada uma entrevistar com uma rapariga especial para fazer uma peça sobre a sua história de vida.
tive nesse dia uma grande lição.
a miúda tinha uma doença congênita rara. embora tivesse um desenvolvimento cognitivo normal para qualquer pessoa de 26 anos, o seu corpo não se tinha desenvolvido (não tinha formados membros superiores ou inferiores, e o tronco era semelhante ao de uma criança de 4 anos, apenas a cabeça era proporcional à de uma pessoa adulta - um ser humano totalmente dependente de outros). esta pequena sorriu durante toda a entrevista, contou piadas (com efetiva graça), enquanto descrevia as dificuldades que foi e vai encontrando na sua vida e na sua procura de autonomização. partilhou também as suas conquistas. estava, naquele momento, a trabalhar e a concluir o seu mestrado.
com todas as condicionantes da sua vida, era feliz.
imagem retirada daqui
eu, no meu íntimo, enquanto a ouvia, sentia-me extremamente envergonhada do meu aiai, aiaiai
desde esse dia relativizei todos os aiai, aiaiai, - os meus e os dos outros.
a nossa vida é uma construção nossa. a nossa felicidade depende da nossa atitude perante as coisas negativas da vida.
acabemos com o aiai, aiaiai, que nos consome energia - a nossa e a dos que nos amam - e é um ato de cobardia e passividade.