happy by zippy gerador de ódio
sendo hoje dia das mentiras, não trago uma mentira, mas algo que eu desejava que o fosse.
imagens da zippy
na semana passada, após o meu post onde fiz um apelo ao respeito pela diversidade, deparo-me com a “polémica” que rodeava a marca de vestuário infantil zippy.
confesso que pensei: o mundo enlouqueceu!
mas eu sei onde tudo isto começou! sei sim…foi naquela desvairada da chanel, a coco para os amigos, que se lembrou em pleno século xx que as mulheres também haveriam de vestir calças!
e anos mais tarde, era eu já nascida e integrava a geração x, a loucura quando a calvin klein, para além de roupa, lança o perfume “one”- um perfume que dava para ela e para ele.
“credo” para além de podermos usar a mesma roupa…vamos cheirar igual?!...como nos reconhecemos nos escuros cinemas?!
mas isto não fica por aqui. não! os primeiros a atacarem as crianças foram os italianos. aqueles para os quais estamos todos unidos pelas cores…sim esses, os da benetton.
e mais haveria a acusar.
eu na minha fase grunge que andava vestida de preto e cinzento de pés à cabeça…comprava o que conseguia e me desse o ar mais triste e zangado possível – para além de procurar na roupa “antiga” de pais e avós (com a quele ar gasto e velho). usava roupa de homem ou mulher ou o que me parecia a maior parte das vezes, sem género. mas vá pelo menos não usava aquelas cores lgbt!
e agora que sou mãe, sou uma nódoa. fiquei chateada quando no dia das bruxas a minha filha trouxe um chapéu de bruxa cor-de-rosa, por ser cor de menina. raios só eu é que vejo que o chapéu das bruxas é preto?! vá, quanto muito roxo. esperem, roxo não, porque está associado aos gays. e, eu mami, terei também de assumir que a minha filha usou muita roupa dos primos, tem um camião, comprei-lhe umas botas unisexo iguais às do primo e quase não usa ganchos ou bandoletes. sim, repetidas vezes nos questionam: é menina ou menino. também veste saias e vestidos. veste rosa, branco, azul, amarelo, verde, preto, cimzento...
as contradições da vida são uma seca.
esta história da zippy irrita-me porque os comentários são de uma intolerância brutal (em ambas as partes – os a favor e os contra a marca). há generalizações que podem ser ofensivas para muitas pessoas que não se revêm nas criticas feitas à marca (muitas ligadas com a igreja católica ou as famílias numerosas). uma tragédia clássica.
ao ler alguns comentários não pude deixar de recordar a audível afirmação da ministra brasileira da mulher, família e direitos humanos do governo de bolsonaro a gritar “menino veste azul e menina veste rosa”.
não sei se acompanharam a polémica no facebook, mas se não o fizeram deixo aqui o best off
frases de ódio "preferidas":
“ou retiram a campanha ou perderão milhares de clientes porque não vamos parar em denunciar a zippy!
um pedido de desculpas e defenderem publicamente a família matriz judaico-cristã no mínimo!”
“vocês são uma empresa capitalista, impressionante, como mesmo assim apoiam o socialismo e os seus projectos.”
“nunca mais... só de ver a marca já me dá asco!!!!”
“zippy é a este tipo de pessoas que estão a tentar agradar? pessoas que dificilmente terão filhos? óptima estratégia de negócio”
“eu não compro mais nada nas vossas lojas, tenho 2 filhas e irei continuar a comprar roupas de menina, são as minhas princesas, nunca o deixarão de o ser.”
“família só existe uma, constituída por um homem + uma mulher e respectivos filhos.”
“caro designer, o belo está na diferença, nunca na igualdade!”
“as crianças que vestirem isto, estão descaradamente a fazer ativismo. serão 'peões' num jogo de 'xadrez' de ativismos radicais, como o lgbti”
os defensores da marca:
“o mais engraçado é que essas pessoas têm filhos todos corridos com nomes com maria como segundo nome. não estou a perceber, defendem que um rapaz é um rapaz e uma rapariga é uma rapariga, e metem maria num nome de um rapaz?”
“um minuto de silêncio por todas estas pessoas indignadas que em 2019 tomaram conhecimento pela primeira vez na vida que existe roupa unissexo... o drama! o horror!”
“gostava de fazer aqui uma denúncia pública. fui violentada pela minha família que, nos anos 80 e 90, me obrigaram a vestir as roupas masculinas herdadas dos meus primos mais velhos. fui torturada e usada num esquema caseiro de pró-activismo lgbt.”
"na vá o diabo tecê-las e ao vestir uma roupinha daquelas,(que até são giras), virar gay!! nunca se sabe."
há muito mais para ler, mas o tempo (e a paciência em boa verdade) não é muito. deixo aqui o link do facebook caso queiram ir ver as maravilhas que o ser humano consegue dizer.
em jeito de resumo, algumas notas importantes:
- não podemos usar as cores do arco iris para nada que não se refira à comunidade lgbt;
- a zippy é uma marca tão poderosa que tem a capacidade de confundir a cabeça das crianças e criar dúvidas sobre o seu género ou a sua orientação sexual (afinal a orientação sexual já não é uma doença, agora é uma moda – receio o que virá no futuro para justificar esta situação do demónio);
- a zippy está muito triste e preocupada com este bost de publicidade! (hoje tinham, no post de divulgação da coleção 3,5 mil comentários e 943 partilhas)
para terminar esta minha reflexão deixo um excelente trecho de um comentário ao referido post que entra em defesa da marca e contra a ignorância apresentada em alguns comentários “vão estudar noções básicas de desenvolvimento infantil primeiro, a seguir leiam um bocadinho sobre identidade de género ou então não leiam nada e vão descarregar as vossas frustrações num saco de boxe. deixem as crianças em paz. “ amém!