há cada uma! #10
hoje convido-os para um voo... para o voo da garça. neste voo vamos conhecendo “sonhos, desejos, opiniões, instantes da vida diária” da sua autora - charneca em flor.
a história que nos traz hoje permite-nos conhece-la um pouco melhor e eu fiquei a saber da existência de farmácias comunitárias…vejam lá a minha ignorância
《Para começar, quero agradecer à anfitriã pelo seu simpático convite que me encheu de alegria. Adoro partilhar as minhas histórias.
Sou farmacêutica há perto de 20 anos e trabalho em farmácia comunitária. Como podem imaginar, trabalhar na área da saúde e em contacto directo com o público proporciona momentos, simultaneamente, estranhos e hilariantes. Alguns já fui esquecendo mas outros perduraram na memória. A história que trago passou-se há uns 15 anos, talvez.
Foi assim:
Naquela altura, a farmácia ainda fechava para almoço, entre as 13h e as 15h. Quase todos os dias havia atendimentos que se prolongavam para lá da porta fechada. Ora se eu, ainda hoje, tenho dificuldade em fechar a conversa, nesse tempo era ainda mais difícil. Afinal, era ainda jovem farmacêutica com pouca experiência.
A utente que fiquei a atender devia ter à volta de 30 anos e tinha uma série de dúvidas que envolviam a menstruação. Ora eu fiquei sozinha no balcão a tentar esclarecer a senhora. Ela queixava-se de perdas sanguíneas ao longo do mês e fora da menstruação propriamente dita. Eu lá fui falando com ela, tentando perceber o que podia estar a provocar tal transtorno. Aconselhei-a a ir ao médico caso o problema persistisse para descartar um desequilíbrio hormonal mas ela não fazia intenções de sair. Eu passei para o outro lado do balcão para a ir encaminhando para a porta tentando disfarçar a minha urgência em "despachá-la". É que a fome já apertava.
Qual não é o meu espanto quando, atrás da porta e ainda a propósito das perdas de sangue, ela me diz: "- olhe, hoje já me aconteceu. Quer que lhe mostre?"
Mesmo perante o meu protesto "Não é preciso, já percebi a situação", a senhora baixa as calças e mostra-me a parte exterior da cuequinha suja de sangue.
Podem imaginar a minha cara. Até porque a porta da farmácia era envidraçada e a figura da senhora era perfeitamente visível da rua .》
imagem retirada daqui
há pessoas que não percebem que não necessitamos de visualizar as situações para as compreender.
imagino o que iria na cabeça de quem por lá passava
obrigada charneca pela gargalhada matinal!
para recordar: