experiências profundas transformam-nos
todas as mulheres sem filhos já terão ouvido “quando fores mãe vais perceber” ou o mais desagradável “não és mãe, não percebes”.
eu sempre que ouvia este discurso respondia que desconhecia que a maternidade trazia uma atualização do software analítico.
agora que sou mãe não mudei de ideias sobre a prepotência de quem usa essas expressões, visto que se a pessoa não compreende determinada atitude por não ter filhos, também não entenderá está mensagem que contém um certo tom de superioridade.
sempre me considerei uma pessoa sensível aos outros – sem falsas pretensões ou modéstias. ouvi muitas vezes estas expressões. houveram coisas que entendi, outras que não percebi e algumas que considerei apenas exageros.
agora que sou mãe tenho de admitir que há coisas que efetivamente mudaram na minha perceção das questões relacionadas com a maternidade. sinto que posso ter sido fria e até mazinha em alguns comentários que tenha realizado em relação a uma “mãe” ou uma “cria”. ainda não sei se houve um upgrade do meu software ou um curto-circuito, mas seja como for operaram-se algumas mudanças:
- sou muito mais sensível ao comentar/criticar situações relacionadas com a forma como outras mães fazem ou gerem situações;
- sou menos dura na análise das birras e reações das crianças;
- grande parte das minhas certezas viraram incertezas;
- valorizo muito a experiência das outra mães – de um modo em que nunca valorizei outros pares;
- o meu.mais.que.tudo. não perdeu a minha atenção, mas convictamente, só tenho espaço mental para uma criança;
- aumentou a minha admiração pelas mães que conheço e que nunca se queixaram das noites mal dormidas, das inseguranças ou das birras.
se acho que, agora que sou mãe, sou uma mulher mais completa? a resposta é não.
se sou uma melhor pessoa? a resposta é sim.
no meu caso é por ser mãe e viver esta nova experiência que tem tanto de maravilhoso quanto de duro e assustador; mas tenho noção que se estivesse a viver outra situação igualmente nova e exigente a nível emocional, estaria mais sensível a pessoas em situações semelhantes.
vivamos mais e julguemos menos as realidades que desconhecemos.