desigualdades
sempre me considerei uma pessoa sensível.
penso, agora, que sobrevalorizei esta minha suposta característica.
talvez não era assim tão sensível ou, quiçá, não era sensível às coisas mais importantes.
mas isto do que é importante é também relativo.
estava, há umas semanas atrás, a ver num noticiário uma reportagem sobre algumas situações na guerra – não me recordo qual-, fiquei emocionada com um pormenor que suspeito que há meses não me abalaria tanto: era apresentada uma criança de três anos que pesava 7 quilos. instintivamente olhei para a minha princesa de 3 meses e 6 quilos! houveram segundos de irrealidade. retrocedi o programa (maravilha das box) para verificar que tinha ouvido bem, olhei para a criança e pensei em todas as limitações cognitivas que já teria.
lembrei-me do meu .mais.que.tudo., noutra situação, referir que não podemos comparar o desenvolvimento cognitivo (intelectual e cultural) de povos europeus e africanos, não porque haja uma superioridade racial, mas sim porque existem grandes diferenças nas condições da satisfação das necessidades básicas (alimentação, habitação, segurança, saúde, afetividade …). não podem ser colocadas na mesma tabela comparativa realidades completamente diferentes.
enquanto existirem desigualdades, enquanto se ignorarem realidades como a desta menina de três anos, vamos ter diferentes níveis de desenvolvimento e de acesso às oportunidades. irrita-me que quem tem poder para fazer alguma mudança permita que parte da população mundial não possa desenvolver todo o seu potencial.
fico feliz pela minha filha ser uma afortunada, mas ficaria ainda mais feliz se a realidade da minha filha fosse a norma.
imagem retirada daqui