desenrasque
para além da procriação medicamente assistida
imagem retirada daqui
o português é um indivíduo maravilhoso e polivalente.
se por um lado é criticada a nossa postura do desenrasque – pois tudo se resolve, tudo se faz, mas nem sempre se assegure a qualidade; por outro, temos de admitir que esta é uma capacidade criativa e de resolução de problemas que em muito nos facilita a vida e permite avançar e mesmo contornar injustiças.
há pouco tempo, em consequência de mais um debate sobre o alargamento a todas as mulheres da procriação medicamente assistida, refletia em voz alta num grupo de amig@s o como seria o antes desta lei, sobretudo no caso das mulheres ou homens (situação que ainda prevalece) que não tivessem posses económicas para fazer face às despesas do processo.
nesse grupo estavam presentes uma amiga e um amigo homossexuais. olharam para mim como se eu fosse um et de cauda cor-de-rosa e disseram-me que sempre houveram alternativas, para além daquelas que são obviamente pagas. referiram que, por exemplo, eles já tinham ponderado ter um filho juntos.
eu questionei: mas iam ter relações sexuais? (na verdade usei o calão, mas por correção linguística evitei fazê-lo aqui)
a cara de nojo de ambos foi deliciosa!
ambos: claro que não!
foi aí que me explicaram, como se eu fosse mesmo uma et de cauda cor-de-rosa, que ele poderia ceder o esperma e este ser introduzido na vagina dela através de uma seringa (sem agulha é óbvio), e que poderiam tentar este método várias vezes. que há imensa gente a fazê-lo, e se ambos forem viáveis do ponto de vista biológico a gravidez acaba por acontecer.
senti-me mesmo doutro planeta…dada a minha ignorância (espero que alguns de vós o sejam também, para eu me sentir um pouco menos tótó).
a criança seria registada por ambos, pai e mãe. claro que o princípio que defendem é que isto deve ser um direito, livre de esquemas de desenrasque - o direito a constituir família.