como a infância marca as nossas relações futuras
imagem retirada daqui
recentemente comecei a ler o livro “todo o amor do mundo” de harville hendrix - casa das letras. é um livro de psicologia para casais. comecei a lê-lo por curiosidade, encontrei-o perdido no meio de outros livros que vou comprando para depois ler. não me recordo o que me fez adquiri-lo, mas parece que ainda não tinha sido o momento de o ler - acredito fortemente nisto: “não há acasos” e “tudo tem o seu tempo”.
tenho uma amiga com a qual partilho de uma grande empatia mental e já abordámos várias vezes, do ponto de vista de leigas na matéria, mas considerando as nossas vivências pessoais e capacidade de observação dos outros, a questão associada às nossas escolhas de parceir@.
sempre que uma de nós ou um(a) outro(a) amigo(a) via a sua relação terminada, surgia o lugar comum “são tod@s iguais” … mas a verdade é que não são todos iguais, nós – cada um de nós - escolhe é sempre igual – mesmo que a embalagem mude. por isso os nossos relacionamentos acabam por ser “sempre a mesma coisa”.
com os nossos rudimentares conhecimentos de psicologia e a minha interminável paixão por freud, concluímos, nos nossos devaneios, que procuramos no nosso parceiro alguém à imagem do nosso pai (no caso das meninas), por ter sido este o nosso primeiro amor, por sempre nos ter transmitido segurança … e outras coisas que tal.
neste livro que agora leio, verifico que a nossa teoria existe, está validada e fundamentada (é bom saber que se tem espírito científico ).
a teoria apresentada no livro tem alguns aspetos que diferem, ou melhor, que aprofundam a nossa própria teoria. o principal aspeto é que nós não procuramos no nosso companheiro o nosso pai. procuramos sim, uma pessoa que possua características dos nossos pais (ambos) ou de quem os substituiu na nossa educação, com as quais não conseguimos lidar na infância; assim, numa perspetiva extremamente masoquista, pretendemos resolver com a nossa cara metade as situações/questões que não conseguimos resolver com os nossos pais. o autor aprofunda os vários fenómenos psicológicos associados a esta questão (aconselho quem tem interesse nesta temática a ler o livro).
o aspeto que quero aqui destacar é a perspetiva do “peso” da infância em toda a nossa vida e a nossa teimosia em querer projetar os “problemas” não resolvidos na relação com o nosso parceiro, podendo por em causa esta relação (e outras que lhe sigam, assim como as que lhe antecederam). esta nossa postura, mesmo que inconsciente, não será mera cobardia de enfrentar a real causa desses problemas, ou seja, os nossos pais?
e o que faz de nós, enquanto pais, esta teoria? seres temerosos de condicionar para todo o sempre a vida destas pequenas e indefesas criaturas? devo aqui confessar uma das minhas grandes cobardias: a maternidade. sempre receei a responsabilidade ad eternum do “ser mãe”, sendo depois confrontada com o receio idiota de não o ser (gajas! diria o meu.mais.que.tudo.)
bem, voltando ao livro, o autor refere que somos seres insatisfeitos; que, quanto mais temos, mais queremos; e que, portanto, o facto de termos coisas a resolver com os nossos pais não quer dizer que tenhamos tido uma má infância, quer apenas dizer, a meu ver, que somos picuinhas
assumindo esta teoria como certa ou pelo menos uma das possíveis, decidi fazer um quadro comparativo entre o meu pai e os meus namorados (mais) a sério. na verdade, encontro muitos pontos comuns que facilmente consigo identificar. e mais, consigo ver o meu pai em várias fases da sua vida, a sua evolução enquanto pessoa e companheiro e creio que, inclusive, as minhas escolhas têm acompanhado essa evolução. sendo que existem características transversais a todas essas escolhas.
Mas, a minha mãe onde está?
o terror da aceitação: está em mim! tudo o que me custou e mais me custa a lidar com a minha mãe, está nos comportamentos que não consigo controlar e mais detesto em mim!