a pasmaceira da rotina
mais um ano a terminar.
outro quase a começar.
e eu, aqui, a sentir-me…perdida nesta transição.
tirando a magia e constante desafio da maternidade, sinto que 2018 foi um ano insosso quer a nível profissional, quer ao nível dos relacionamentos.
a questão é que não sei se posso ou não dissociar este facto, do facto de ter sido mãe e isso necessariamente ter mudado a minha vida.
a nível profissional praticamente só trabalhei meio ano… saí e voltei e tudo se manteve igual, sem novos desafios, sem mudanças, ou seja, sem me dar pica.
no meu relacionamento amoroso, pelo acréscimo das exigências que a pequena me trouxe, estou menos tolerante para comportamentos egoístas, para aí aí aí que me dói o dedo do pé, para atitudes do género “se faço de conta que não vi, não tenho de fazer”- agora compreendo porque nem todos os relacionamentos resistem ao nascimento da primeira cria! por cá as discussões viraram rotina e ... já não há paciência!
com os amigos apetece estar mas nunca se consegue estar a 100% porque há um ser maravilhoso que depende e exige de nós. por outro lado, há os contextos de grupo os quais nem sempre são adequados a pequenas princesas. pelo que acabo por me dar e dedicar apenas aos amigos do coração, os outros (os dos copos, os das compras, os do trabalho, os novos…) terão de esperar ou esquecer a minha existência – por vezes tenho saudades destes, são relações mais leves. estes momentos com seres externos ao lar exigem planeamento, gestão para que corra tudo bem... por isso parece que estou a preparar um evento no trabalho
a maternidade trouxe-me uma rotina que me perturba.
a rotina é chata.
a rotina cria padrões.
a rotina limita a espontaneidade.
a rotina mata a criatividade.
a rotina não me traz felicidade.
sei que a princesa precisa da rotina.
sei que a rotina lhe traz segurança.
assim, procuro o equilíbrio.
uma rotina que não me leve à loucura, com umas fugas aqui e ali, que não lhe tragam desconforto.
como vêm com ela tudo perfeito.
com ele, os outros e o trabalho… pois vamos ver.
fotografado pela mami: arte de rua - ilha terceira, açores