a nossa decisão de ter um segundo filho esteve relacionada com o facto de desejarmos que a pequena tivesse uma relação fraterna. ambos temos irmãs/irmãos e para além das felizes relações que temos em adultos, temos memórias únicas de situações da nossa infância (das mais ternurentas às mais, como posso dizer… de sobrevivência).
queríamos que ela tivesse uma irmã /um irmão, mas será que ela queria? claro que não. nesta idade (dois anos) quer a omnipresença dos pais e toda a atenção destes. por isso, assim que a barriga se tornou visível, começamos a falar-lhe do bebé que vinha a caminho. ela nunca se mostrou interessada no assunto. dizia que o bebé estava na barriga da mãe, quando as pessoas – compulsivamente – lhe perguntavam pelo mano (tive que por um ponto final a essa persistência, pois se a miúda queria ignorar a situação havia que dar-lhe tempo, para além de ela querer que lhe falassem dos lindos “totós” ou do bem que dançava, não do bebé).
como ela adora livros, estes foram, obviamente, a estratégia adotada para aprofundar o assunto da chegada do bebé. mas mais uma vez ela impôs as suas preferências. aceitou muito melhor o livro que faz uma abordagem ao tema através da fábula, do que aqueles que o fazem através da representação de figuras humanas.
à espera de um irmãozinho
um livro com desdobráveis que permite “espreitar” o que vai acontecendo dentro da barriga da mamã que vai ter um bebé.
ao longo da história a maria, criança pequena que vai ter um irmão, manifesta várias emoções (cólera, ciúme, admiração, felicidade) e a mamã e o “mano” vão reagindo às mesmas.
o livro tem muitas potencialidades para exploração do desenvolvimento do bebé, à medida que a barriga da mamã cresce, bem como das emoções que a irmã mais velha vai experimentando.
apreciação mami: a linguagem é simples e objetiva. a criança (irmã mais velha) vai sendo interpelada de forma clara. as personagens e as ilustrações são “reais” e a história do livro acompanha a “evolução” da gravidez. permite trabalhar as várias emoções, proporcionando a identificação da leitura com a personagem (maria).
apreciação pg: a pg gostou dos desdobráveis (ela gosta de tudo o que lhe permite interação). no entanto, o facto de ser tão objetivo e de a confrontar com uma realidade que lhe é desconfortável, nem sempre estava “disponível” para o explorar. (nota: tem entre 22 a 26 meses no momento de exploração do livro)
autora: marianne vilcoq
editora: minutos de leitura
dimensões: 12,9 cm x 24,1cm
preço: 9€ (preço médio)
mais um
para além do tema central da chegada de (mais) um irmão, é abordada a questão temporal, através das estações do ano, e características associadas aos vários animais que participam na história, por exemplo, o pica-pau trabalha a madeira, a ovelha tricota a lã.
ao longo da história a criança vai integrando o conceito de fraternidade e das vantagens de ter um irmão (sobretudo através das brincadeiras que juntos poderão fazer), as emoções são trabalhadas de forma positiva (curiosidade, espectativa, …) e “todos” são envolvidos nesta aventura da chegada de mais um elemento da família.
apreciação mami: o livro apresenta-se numa linguagem apelativa para as crianças. é muito rico em pormenores e aborda vários aspetos tendo imensas possibilidades de exploração. segue uma ordem cronológica e cada nova introdução de conteúdo/informação conclui com o sumário das anteriores, trazendo ritmo à história.
apreciação pg: adorou a história, as personagens (adora tudo o que envolve animais) e as imagens. interagia com as personagens e, passado algum tempo de exploração do livro, contava a história com entusiasmo.
autora: marc taeger e olalla gonzález
editora: kalandraka
dimensões: 19,1 cm x 26,2cm
preço: 14€ (preço médio)
camila tem um irmão
esta história tem a particularidade de incluir o pai em todo o processo em que a personagem descobre que vai ter um irmão e lida com as emoções que esta nova situação desperta, ficando gradualmente entusiasmada por ser a irmã mais velha.
trouxemos o livro da biblioteca mas não o trabalhamos. a pg não mostrou interesse, quiçá será adequado a crianças mais velhas (pelo texto e pela forma como as situações são abordadas).
autora: aline de pétigny e nancy delvaux
editora: asa
dimensões: 22,3 cm x 22,8cm
preço: 6,50€ (preço médio)
vai chegar um bebé
este foi um livro que não lemos porque na altura não estava disponível na nossa biblioteca, mas que me pareceu muito interessante pelas vária pesquisas que fiz. é um livro editado pela caminho, escrito por john burningham que conta com as belas ilustrações de helen oxenbury.
nota: a pg tinha entre 22 a 26 meses no momento de exploração dos livros
tenho vindo a trilhar o caminho rumo a uma vida mais sustentável. venho partilhar a minha experiência esperando demonstrar que pode ser um processo simples e ao acesso de qualquer pessoa.
começo por apresentar os dois princípios que norteiam a minha caminhada:
assumo pequenos passos, dados de forma consistente e ajustados à minha vida. acredito que uma mudança de comportamento, para ser efetiva, deve ser gradual.
fujo de utopias e de fundamentalismos. tento ser razoável e defendo que qualquer passo, por mais pequeno que seja, rumo a uma atitude mais sustentável é já um contributo para um mundo melhor.
desde o final do ano passado que tenho vindo a ler e aprender sobre como ser mais responsável com o ambiente através de comportamentos sustentáveis. béa johnson é um ícone incontestável - pioneira do movimento desperdício zero. como inspirações nacionais encontrei, entre outras, ana milhazes (ana, go slowly!) e eunice maia (maria granel). tenho assistido a vários webinares (alguns disponibilizados na app da edp zero) e ouvido podcast. quanto mais leio, mais vejo, mais oiço, mais verifico que há uma diversidade de coisas que podemos fazer para sermos cidadãos e cidadãs mais responsáveis com o ambiente. com mais ou menos envolvimento, mudanças mais ou menos radicais, o importante é não ignorar que o nosso comportamento e as nossas escolhas influenciam o mundo em que vivemos – para melhor ou para pior.
neste momento fujo de qualquer coisa que complique o meu dia-a-dia, já bastante atribulado, por isso fui muito consciente e honesta, de mim para mim, com os compromissos que decidi assumir. inspirada nos 5 rs da béa ( recusar, reduzir, reutilizar, reciclar e compostar - rot) defini e comprometi-me com algumas ações que acreditei serem fazíveis, baseadas na compra consciente e na procura de alternativas mais amigas do ambiente para as coisas do dia-a-dia.
assim, partilho as minhas escolhas para uma vida mais sustentável:
uso garrafa reutilizável para água. bebo muita água e gosto de a ter sempre por perto. em simultâneo, sou um pouco esquisita nas garrafas reutilizáveis. detesto o sabor do plástico e do alumínio, por isso a minha opção é sempre o vidro. no entanto para transporte a de vidro não é a mais segura (mesmo com vidro resistente). depois de muito procurar encontrei uma alternativa que me satisfaz muito (pela capacidade – 600ml, por ser de vidro mas ter proteção e pelo facto de a parte de baixo abrir para lavar o fundo da garrafa, ser bonita é também um aspeto positivo).
utilizo copo com filtro paracafé. adoro café - do expresso ao americano. um dos meus objetivos é reduzir o consumo de café em capsulas (não sou capaz, ainda, de abdicar do expresso ao acordar, mas comecei a reciclar as capsulas que utilizo). encontrei este copo com filtro para fazer café e adoro! é amigo do ambiente, pois para um bom café só precisamos de…café e água quente!
diminuí o lixo relacionado com as embalagens. deixei de adquirir produtos frescos embalados (saladas, legumes, carne e peixe); opto por iogurtes e outros alimentos sem duplo embalamento e, sempre que possível, compro embalagens com maior capacidade (por exemplo, em casa usamos muita aveia, em vez de comprar embalagens de 400g, compro embalagens de 1 kg; como faço pão e bolachas em casa, em vez de comprar sacos de 1 kg de farinha, compro sacos de 5kg; não compro embalagens individuais de bolachas ou leite, compro os tamanhos maiores e, se necessário, levo pequenas quantidades em embalagens reutilizáveis). sempre que possível compro a granel com os meus próprios sacos reutilizáveis. passei a optar também por sabonete e champô sólido.
diminuí o consumo de produtos de origem animal. desde o início do ano que faço uma alimentação mista confecionando uma refeição vegetariana por dia. para este objetivo muito ajudou a participação no desafio vegetariano, um programa gratuito através do qual ficamos a conhecer um pouco mais sobre a pegada ecológica relacionada com a alimentação, aprendemos receitas e esclarecemos dúvidas. não pretendo, pelo menos por enquanto, deixar de consumir produtos de origem animal, mas acredito que diminuir o seu consumo para metade (x 3 pessoas) é já um contributo.
luto contra o desperdício alimentar através de compras mais conscientes, da utilização mais integral dos alimentos frescos e de uma melhor organização/planeamento das refeições.
recuso o que não preciso. parece simples e até óbvio, mas na prática custa recusar as borla, ofertas e amostras. eu já fui daquelas meninas que nos festivais papava todos os brindes e ao chegar a casa remetia-os para uma gaveta até um dia irem para o lixo. agora reflito sobre se vou precisar ou não do que me é oferecido, se vou usar, se quero contribuir para a produção daquele tipo de produto/embalagem (o tamanho de uma amostra justificará o desperdício/lixo que produz ou os recursos consumidos para a sua produção?).
dou nova vida às coisas. sabiam, por exemplo, que uns collants estragados podem transformar-se em elásticos para o cabelo, em saquinhos para aproveitar restos de sabão ou champô sólido, para guardar alhos e cebolas ou para dar graxa aos sapatos?! Que os frascos de alimentos são excelentes para guardar cereais, bolachas, leguminosas, farinhas, legumes, ... para além de muito práticos, ficam lindos.
que podemos fazer acendalhas, para acender a lareira ou a churrasqueira, utilizando rolhas de cortiça e álcool etílico. simples, barato e com desperdício zero!
arranjo o que se estraga (sempre que possível). voltei a fazer remendos de forma criativa customizando as peças.
reduzi a aquisição de roupa, calçado e acessórios, para mim e para os miúdos. era uma compradora compulsiva. comprava porque sim, não porque precisasse. estou a fazer uma experiência muito gira: o armário capsula. o escolher as peças para constituir o armário fez-me ter uma maior consciência da forma como lidava com a roupa. agora, seguindo as dicas de vivi cardinali, consigo viver com 40 peças de vestuário e continuo linda e com estilo.
diminuí o consumo de combustíveis fósseis aproveitando o apoio do fundo ambiental para edifícios mais sustentáveis, alterando o meu sistema de aquecimento de água.
reduzi o papel referentes a pagamentos e transações. as faturas recorrentes são em suporte digital e uso a app do meu banco para consultar estratos e movimentos de conta.
com algumas destas ações diminui a produção de lixo indiferenciado em casa de 5 para 2 sacos semanais. e acredito que reduzirei ainda mais, estou no bom caminho!
do que tenho experimentado até agora acredito que uma vida mais sustentável ambientalmente consiste, em grande parte, em viver de forma consciente cada escolha e reduzir o que temos para o essencial, funcional e que nos dá prazer. isto traduz-se em mais qualidade de vida, mais poupança, mais liberdade e mais tempo para ser feliz!
a pandemia prolonga-se por demasiado tempo. este é certamente um pensamento que nos liga. estamos todos e todas ansiosos/as e cansados/as desta situação. o confinamento não traz apenas uma limitação da nossa liberdade física, traz também uma pressão psicológica sobre o nosso dia-a-dia.
a doença traz constantes novidades: as consequências, as variantes, os medicamentos que ajudam ou prejudicam, as vacinas; em suma, muita informação, muita contrainformação, mais incertezas do que certezas.
estamos no campo do desconhecido em muitos aspetos, pelo que, o melhor é não ficar doente, por nós e pelos que amamos. mas parece cada vez mais uma inevitabilidade, se não for agora, será daqui a um mês ou no próximo outono. e esta sensação torna-nos mais frágeis e por vezes mais inconsequentes, e a “profecia” autorrealiza-se.
como sou nova nisto do confinamento enquanto mãe e trabalhadora (no primeiro confinamento estava em licença de maternidade), estava convencida de que assim que fechassem as escolas poderia pedir algum tipo de “baixa” - já estava em casa com os miúdos, por opção, em teletrabalho há duas semanas quando se deu o fecho das escolas. ora bolas, pensei mal! quem está em teletrabalho não tem acesso ao apoio para pais com crianças menores de 12 anos.
compreendo que o país esteja à beira da rutura económica e que por isso é esperado que os pais façam (mais) um esforço, mesmo que isso os deixe à beira da loucura!
e entenda-se que o problema não é cuidar dos catraios, fazemo-lo aos fins-de-semana e em férias com todo o prazer…e mesmo no dia-a-dia após o horário laboral.
o problema está em querer compatibilizar, no mesmo horário e espaço, o que não é compatível. a constante dualidade entre ser mãe ou ser profissional (já tirei da equação o ser “boa” em qualquer uma das funções) cria uma tensão enorme desde o final da primeira chávena de café até ao deitar.
como explicar a uma criança de 3 anos ou a um bebé de 10 meses que a mamã está em casa, mas não pode estar com eles, a satisfazer as suas vontades. como explicar à mais velha que não pode dar um ar da sua graça frente à câmara nas reuniões zoom da mamã ou, ao mais novo, que há “horários” em que não pode fazer birra?
depois há a questão de que, como não conseguimos ser eficazes no cumprimento das nossas responsabilidades profissionais, não conseguimos “sair a horas”, ou seja, a situação alastra-se bem mais do que as 7 horas do horário de trabalho.
quando finalmente encerramos o computador (nem sempre porque acabamos, mas sim porque os miúdos têm de jantar) eles esperam de nós aquele tempo prometido, mas nós já estamos mentalmente esgotados, desprovidos de qualquer capacidade de ir para além do que “tem mesmo de ser”, desejando apenas silêncio e um copo de vinho à lareira, enquanto eles anseiam por brincadeiras e gargalhadas depois de um dia repleto de “agora não”, “a mamã tem de trabalhar”, “já te pedi para parar” - isto nem sempre dito no tom mais adequado.
é assim que, ao final de um dia a tentar chegar a todo lado, sinto-me um fracasso, um embuste. olho para os meus filhos e penso que não merecem esta mãe, que eu não quero ser esta mãe sempre à beira do grito, sempre tensa, stressada.
eles não fazem nada de diferente do que fazem ao fim-de-semana, a diferença não está neles, está em mim. ao fim-de-semana não há horários, prazos a cumprir, reuniões, relatórios ou telefonemas. ao fim-de-semana estamos os 3 em harmonia, nos nossos ritmos, eles não reagem com birras ou chamadas de atenção à minha “ausência”, porque estou lá para eles, estou presente.
o confinamento, que só por si é pesado, veio acompanhado de uma chuva que teima em não parar, assegurando que nem passeio higiénicos as crianças dão. é assim que caracterizo os tempos que vivemos por estes lados: longos dias cinzentos com uma mãe ausente.