se até aqui as candidatas e os candidatos a belém contribuíam em larga escala para difundir a mensagem daquele senhor cujo nome não devemos pronunciar e a dar-lhe palco, agora foi a vez deste retribuir, sobretudo às senhoras candidatas (porque por muita pena minha - pela imagem que se configura divinal e não por opção política - o senhor do livre não publica uma foto com os lábios pintados de vermelho).
estas presidenciais têm sido uma surpresa para mim. tenho descoberto que tenho "amigos" no facebook dos quais me deveria despedir. o apoio a que tenho existido àquele candidato cujo nome não devemos pronunciar é relevante e a reprodução dos seus argumentos assustadora.
o seu discurso populista que vai ao encontro da raiva recalcada de alguns, dos medos de outros e da critica fácil de muitos, faz com que o discurso seja incorporado sem que seja questionado, sem que se averigue que propostas há para, de forma concertada, melhorar a situação de todos e de todas e combater as desigualdades....
ah, esperem! quais desigualdades?! a solução já foi apresentada: acabar com tudo e com todos (e todas) os que chateiam, os que sujam a pintura e os que consomem demasiados recursos. quiçá possa surgir a brilhante ideia de criar uma estrutura em pleno oceano para evitar a "invasão" de “quem não interessa” - tipo uma barragem na qual tod@s os seres maiores que querem um portugal apenas para alguns, conjuntamente com esses alguns, se possam afogar nos seus egos.
nunca imaginei que discursos vazios de conteúdo e isentos de soluções pudessem atrair tanta gente; mas na verdade isto é reflexo da sociedade na qual se leem títulos sensacionalistas que se assumem como factos sem que se verifique a informação, ou sem que, pelo menos, se abra a notícia para se ler o seu conteúdo.
temo muito pela legitimidade que estas eleições possam trazer a estes loucos/as inconsequentes. e que de um povo pacato e amistosos de uma revolução com cravos, passemos a machistas, xenófobos/as, homofóbicos/as, opressores/as e agressores/as.
com este confinamento cujas medidas se estabeleceram ao jeito de dar jeito a diversas situações - da maria que vai casar no sábado; da margarida que não pode ficar com os filhos em casa porque tem de estar nas urgências do hospital; do jacinto que não tem onde deixar o mais novo para conseguir manter o seu restaurante, agora em takeaway, para tentar fazer face, pelo menos, às despesas fixas; do anacleto e da kelly que no dia 24 têm de dar um saltinho à mesa de voto para cumprir o seu direito e dever cívico…-, num país onde a abstenção é (quase) sempre a vencedora, questiono quem vai sair para votar: serão os filhos de abril ou os que destilam fel?
não me considero uma mãe galinha. panico muitas vezes mas tento, sempre que o meu sistema nervoso o permite, dar a máxima liberdade à minha filha e ao meu filho para que explorem e se apropriem do mundo.
no atual cenário de confinamento total que afinal é parcial, tenho de confessar que não me sinto confortável em ficar em casa, protegida, e enviar as minhas crias para a escola. não me faz sentido nenhum. e é aqui que descubro que, quiçá, sou afinal uma mãe galinha.
não sendo especialista em nenhuma das complexas áreas que estão implicadas na decisão de manter as escolas abertas, e tendo percebido que há pais e professores que apoiam esta decisão do governo, concluo que efetivamente sou uma mãe galinha.
mas sabem que mais? quero lá saber!
ainda pouco se sabe sobre as consequências a longo prazo da doença e pelo sim pelo não, e dado o facto das crias não estarem na escolaridade obrigatória, assumindo que, provavelmente, vou enlouquecer em casa, em teletrabalho, com um bebé pequeno e uma bebé grande, vou mantê-los debaixo das minhas asas. sei que muitas vezes vou perder a cabeça e desatinar por saturação, mas sei também que não conseguiria ficar bem, com a minha consciência, se um deles ficasse doente sabendo eu que poderia tê-lo/tê-la tido comigo, em segurança, em casa. esta opção não me torna melhor mãe, nem torna as que tomarem opção diferente piores mães.
vamos lá fazer figas para que este novo esforço de tod@s se traduza em resultados que nos ajudem a manter a esperança de que este episódio chegará ao fim.
apenas gosto de aproveitar (todas) oportunidades de fazer boas compras.
há promoções que não podemos deixar escapar (mesmo que ocorram todas as semanas!)
poupar, poupar, poupar é o meu lema, mesmo que para isso tenha que gastar, gastar, gastar.
precaver os essenciais; estes nunca são de mais (até que se acumulem de tal forma que se tornem desperdício)
os saldos são excelentes para renovar o guarda-roupas (antas peças baratinhas e bonitinhas, tenho de aproveitar, mesmo não sabendo quando as vou usar)
as crianças precisam de roupa para o próximo inverno, estão a crescer … tão bom camisolas a 2€ (mas será que precisam de 10?!). quantas vezes compramos porque é barato, não porque precisemos?
a poupança não reside em comprar muito porque está barato, consiste em comprar de forma consciente aquilo que precisamos. para isso, necessitamos de investir tempo em ver o que temos, em arranjar uma forma de organização daquilo de temos, para depois sim, ter consciência do que precisamos.
não foi fácil perceber que era/sou uma compradora compulsiva. há um ano que tenho esta consciência e tenho tentado combater este impulso de aproveitar “pechinchas”. esta questão levou-me a tomar consciência do impacto ambiental da produção daquilo que consumimos em excesso e do desperdício que produzimos. somos todas e todos responsáveis por esta cadeia. eu decidi por um travão e contra isso luto.
vivemos numa perspetiva do consumo rápido, do descartável … e isso é irresponsável!
aliado ao meu problema do consumismo tenho o facto de ser uma acumuladora (estou condenada a sucumbir entre trapos!). tenho dificuldade em me desfazer das coisas, porque algum dia as voltarei a usar (ou as usarei pela primeira vez). até nas coisas das crianças que claramente nunca as voltarão a usar! ou aquele sofá que um dia arranjarei… a desvantagem de ser uma pessoa com as minhas características e viver numa vivenda é que há sempre um lugar onde acumular mais tralha.
este processo de consciencialização é mais exigente e desgastante do que tinha imaginado. é mais fácil e rápido comprar coisas novas, do que fazer um inventário, organizar e reutilizar o que já possuímos (sobretudo quando temos anos de acumulação de toda a espécie de “coisas, só apetece virar as costas e fugir!).
este é o desafio que me acompanhará em 2021. ser mais consciente do que tenho, do que preciso e do que compro. e, no momento de comprar, fazer escolhas mais sustentáveis. partilho com vocês porque isso compromete-me. porque me faz sentir que, de alguma forma, não estou sozinha e tenho perante “quem” responder.
desejem-me (muita) sorte!
e se for o caso inspirem-se e acompanhem-me nesta (longa) viagem.
ainda parece que foi ontem que deixávamos para trás 2020.
um novo ano, novas oportunidades.
uma página em branco num caderno cheio de rabiscos.
poderia ser assim, mas não é.
passou apenas um dia e na verdade nada mudou.
até as celebrações deveriam/foram contidas, pelo que a ausência de ressaca e euforia torna mais banal o dia de hoje.
aumenta em nós a ânsia de mudança, começamos a pensar que não há uma nova realidade mas sim "a realidade". descuidamo-nos. a esperança reduz-se após o rejubilo da vacina ofuscado pela nova estirpe.
nada disto desapareceu com a passagem de ano. mesmo para quem possui tal ilusão a mesma se dissipará nos próximos dias, assim como (a maioria) os planos que por tradição estabelecemos para o novo ano.
não pretendo ser o grinch do novo ano.
partilho apenas o turbilhão que vai na minha mente, por ansiar uma mudança que sei não será breve.
apelando em mim, em vós, à resiliência, à esperança e à ação.
é importante que tod@s e cada um de nós tenha um papel positivo nesta luta. não somos alheios, nem estamos à margem dela. responsabilidade, cidadania, respeito, solidariedade, devem estar na nossa mente a cada dia, a cada gesto.
nós vamos vencer. mas para isso temos de estar unidos e aceitar as nossas responsabilidades.
o corona veio lembrar-nos que estamos todos interligados, recordando-nos o efeito borboleta de lorenz.
como resultado colateral trouxe um maior foco sobre as questões da sustentabilidade ambiental. pelo menos foi essa a minha perceção. uma maior consciencialização sobre o papel individual na situação global.
este foi o caminho que escolhi aprofundar em 2021, sem pragmatismos nem fundamentalismos, mas de forma intencional e consciente. porque faz sentido termos objetivos num novo ano, mesmo que o hoje, mais não seja do que a continuação de ontem, é sempre uma possibilidade de melhorar o amanhã.