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mami

viver | amar | sentir | pensar | lutar | conquistar | desafiar | refletir | descobrir | experimentar | partilhar | aprender | acreditar | sonhar * ser mãe sem me perder de mim *

viver | amar | sentir | pensar | lutar | conquistar | desafiar | refletir | descobrir | experimentar | partilhar | aprender | acreditar | sonhar * ser mãe sem me perder de mim *

e elas saltaram e saltaram, sem nunca mais parar!

a ana conheceu a beatriz numa soalheira tarde de primavera. passeavam as duas no parque da cidade. a ana porque lá vivia e diariamente passeava o carlão. a beatriz porque veio a casa da dia débora passar uns dias na tentativa de fugir do maranhado de emoções que vivia, e procurava um local tranquilo e agradável para ler o seu livro.

o carlão decidiu aliviar a bexiga no banco onde a beatriz lia. a ana tinha-se distraído na conversa com a vizinha, a d. elisa. quando, salpicada pelo enérgico jato do carlão, a beatriz deu um guincho ao qual a beatriz reagiu, envergonhada ao som dos risinhos que a d. elisa não conseguiu conter.

a d.elisa despede-se apressada, ainda a rir. a beatriz afasta o carlão e desfaz-se em desculpas. a ana encolhe os ombros e murmura “só isto é que me faltava”, num tom desolado e desanimado.

beatriz perguntou se se podia sentar a seu lado, ana anuiu. passado alguns momentos, sem se saber como, a ana contava as suas ansiedades a beatriz enquanto afagava o pelo do carlão. a beatriz como boa ouvinte, como sempre fora, intervirá apenas para reforçar a comunicação ou pedir alguns detalhes.

o sr fernando, tio da beatriz, abeirou-se delas para perceber quem ela a jovem com quem a sobrinha conversava. mas nem foi visto. percebendo o envolvidas que estavam na conversa, afastou-se.

pouco mais de duas horas depois, aquele banco de jardim era local de risadas - a ana tinha um jeito único para por as pessoas bem dispostas. num ímpeto a ana levantou-se e exclamou: “tu precisas é de uma visitinha ao gervásio!”

“ao gervásio?!” questionou a beatriz.

“claro! salta daí.”  responde a ana

e a beatriz, imbuída do bom humor que está desconhecida lhe trouxe, decidiu obedecer e saltar…e saltou em vez de caminhar.

a ana, espantada, riu e alinhou! - até o carlão tentou -, e lá foram elas a saltar sem parar ao encontro do gervásio!

amizade

imagem retirada daqui

 

Desafio: quem ou o que é o Gervásio?!

ser sénior na era covid

o meu filho nasceu no início da pandemia, estamos em casa há quase dois meses, nenhum familiar ou amigo o conhece pessoalmente.

no passado domingo, numa vídeo chamada a minha mãe suspirou e lançou a questão: “será que ainda lhe pegarei ao colo?”

a minha resposta imediata foi “não sejas tonta, claro que lhe vais pegar e até te vais fartar de o fazer!”

sei que a minha mãe está cansada de estar longe dos filhos e dos netos (mesmo que alguns morem quase ao lado). sei também que está assustada pois ouve diariamente que está no grupo de risco (quer pela idade, quer pelas suas doenças do foro respiratório).

está fragilizada e insegura. sei que a sua cabeça não para de pensar e sei também que os pensamentos não são em tons de arco-íris.

a minha mãe tem a sorte de ter a seu lado o marido e um filho, que vão preenchendo o seu dia, dando-lhe trabalho e inspirando-lhe sorrisos. mas quantas pessoas não há que se encontram sozinhas ou em situações de maior fragilidade?

por cá, numa primeira fase, tivemos dificuldade em que os meus pais percebessem o real risco que este vírus trazia. achavam que era uma moda e um alarmismo produzido pela comunicação social – nada significativo perante aquilo que já tinham vivido e enfrentado. do “alto” das suas idades não estavam abertos a seguir as imposições de ninguém. quando casos próximos começaram a surgir e, pouco tempo depois, os primeiros óbitos, tocou o sinal de alerta nas suas mentes e começaram a acatar as diretrizes do confinamento.

há a velha frase “a idade é um posto”, com uma conotação positiva, associada a experiência e ao conhecimento adquirido ao longo da vida; mas agora não resisto a usá-la para colocar os mais seniores num lugar físico, a sua casa, o lar ou outro local onde resida; impedido de serem visitados por aqueles que amam, impedidos de visitar aqueles que ama. condicionados nas suas escolhas e vontades pelo “simples” facto de ter uma determinada idade (associada ou não a determinadas doenças de maior risco).

fala-se agora de diminuir as medidas de contenção e gradualmente voltar às nossas rotinas e construir uma nova “normalidade”. as crianças para as creches, infantários e atls, para libertar os pais para voltar ao trabalho, os jovens em casa a estudar autonomamente e os mais crescidos nos liceus em aulas presenciais. o comércio a abrir e até o futebol poderá (re)começar! mas tudo com apertadas regras de contacto social (ainda em preparação). e é aqui que se coloca a questão: como vão ser os relacionamentos pessoais? todos voltarão às suas responsabilidades, mas como será com os seniores? terão liberdade para fazer as suas escolhas? para decidirem se mesmo sendo uma população de risco lhes apetece arriscar e abraçar os que amam enquanto o podem fazer. e os outros que como eu, que andarão na rua e sujeitos às possibilidades de serem infetados, aceitarão o risco de contagiar aqueles que tanto amam sabendo que poderá ser letal?

esta dualidade entre a vontade e o risco é das coisas que me provoca mais ansiedade nesta pandemia, mas penso no peso que isto terá em quem sente que não tem tempo para esperar, que tem de aproveitar cada dia com abraços apertados e beijos repenicados. não será, em muitos casos, este isolamento social dos mais seniores mais prejudicial do que benéfico? como encontrar o equilíbrio? como respeitar as vontades – justificáveis – sem os por em risco? como afagar os corações e acalmar as mentes de quem está, já por si, mais fragilizado?

seniores em covid

imagem retirada daqui

pãodemia à minha maneira

receitas

desde o início da pandemia que estamos, como muitas outras famílias, confinados ao lar. eu de licença, ele em teletrabalho e as criaturas por falta de opção.

tivemos que adaptar-nos a esta nova realidade e de adaptar alguns dos nossos hábitos, entre eles os alimentares e tudo o que com eles e relaciona, nomeadamente as compras e a confeção.

como não saímos de casa para nada, também não vamos fisicamente a lojas. preparamos em casa tudo aquilo que conseguimos fazer, nomeadamente o pão. tenho lido muitas críticas dos que nada têm para fazer de como esta iniciativa de imensas pessoas é prejudicial para o setor da panificação. honestamente sinto muito, mas acredito que dentro de todas as limitações existentes à nossa liberdade em consequência desta pandemia (com as quais concordo na generalidade) o fazer pão caseiro não me será limitado.

tenho uma máquina de fazer pão que adoro, mas já estava a sentir saudades de um pão mais semelhante ao de compra, pelo menos no aspeto e no crocante da crosta. foi assim que por acaso fui atropelada pela receita de pãodemia da filipa gomes do 24kitchen.

pegando na receita básica fui fazendo alterações, umas pela vontade de inovar, outras pela disponibilidade dos ingredientes.

partilho convosco três das minhas experiências (têm sido mais, mas só recentemente me lembrei de anotar e fotografar).

receita original

3 chavs de farinha (cerca de 420gr)
1chav e 1/4 a 1/2 de água (300-360ml)
1 c café de fermento de padeiro seco
1 c chá de sal

vejam aqui como preparar

as minhas sugestões baseiam-se na mistura de farinhas e "coberturas" o procedimento é exatamente igual ao da filipa.

 

pão com alfarroba e sementes

1 chávena de farinha de trigo

1 chávena de farinha de trigo integral

1 chávena com ¾ de farinha de trigo sarraceno

¼ chávena de farinha de alfarroba


depois de fermentar, ao amassar novamente acrescentei 3 colheres de sopa de mistura de sementes e antes de ir ao forno espalhei sementes de sésamo no topo!

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pão com farinha de milho e millet

1 chávena de farinha de trigo integral,

1 chávena de farinha de milho

½ chávena de farinha de trigo tipo 65 

½ chávena de farinha de trigo sarraceno

 

antes de ir ao forno “polvilhei” com millet

pãodemia millet

 

pão de aveia

½ chávena de farinha de trigo integral

½ chávena de farinha de trigo sarraceno

2 chávena de farinha de aveia (se não tiverem farinha, façam-na triturando os flocos de aveia)

 

antes de ir ao forno fiz uma cobertura de flocos de aveia 

pãodemia aveia

 

experimentem, inventem, deliciem-se!

os sites de compras que me têm safado durante a quarentena

estamos oficialmente há 35 dias em casa (eu, ele e as crias). neste período não saímos absolutamente para nada – excetuando para por o lixo no contentor. ter (quase) tudo o que precisamos sem sair de casa só é possível graças aos comerciantes que fazem entregas em casa.

há muito que faço compras online – de quase tudo, mas nunca me foi tão necessário como agora!

assim que ficamos em casa comecei a organizar a despensa, o frigorífico e o congelador para criar uma estratégia de consumo inteligente. avançamos para a lista de compras e ‘bora lá fazer a encomenda online.

avancei para o intermarché loja online, onde tinha feito compras recentemente, e fiquei a saber que tinham interrompido as entregas ao domicílio durante esta fase. tentei, então, encomendar no continente online - tinha uns vales e um valor em cartão-, desisti ao constatar que a primeira data disponível para entrega era passado um mês e meio (final de abril). o el corte inglês não dispunha datas de entrega (nenhuma!). a única grande superfície que tinha entrega disponível para a minha zona de residência, para a semana seguinte, era o auchan – fazer a encomenda foi doloroso devido ao grande trafego no site; tenho feito compras quinzenais neste site e tem corrido tudo bem – embora hajam produtos esgotados no momento da encomenda e no da entrega – por isso é sempre uma surpresa quando as coisas chegam…ou não a casa. o meu obrigada ao auchan por ter consigo dar resposta aos seus clientes, mesmo aqueles que não estão nos grandes centros urbanos. apenas um conselho aos senhores: tentem melhorar a informação no site sobre a informação nutricional e composição de cada produto.

a nível alimentar uma horta e um talho local – com entregas semanais - satisfazem a nossa necessidade desses produtos frescos (adoro, e valorizo, quando as lojas se reinventam).

uma loja online - que descobri neste período de quarentena -, que me fascinou foi a sabores a granel – uma mercearia moderna com produtos de qualidade e na quantidade que desejarmos; adorei a originalidade de alguns produtos (beterraba em pó, banana em pó, tomate em pó, …) e as suas sugestões de utilização, bem como as receitas no blog da loja.

 

compras na quarentena

 

outro bem essencial para quem tem príncipes e princesas em casa, são os produtos de higiene e puericultura (fraldas, toalhetes, cremes, soro, biberons, …). continuei a fazer compras no mifarma - meu site habitual para estes produtos-, a minha pequena tem pele atópica e os produtos não são baratos, mas neste site encontram-se excelentes oportunidades.

se precisarem, estes sites estão disponíveis para vos ajudar nesta fase – não, não há aqui nenhum tipo de publicidade paga, há apenas o reconhecimento de bons serviços, produtos e preços 

atualizem-me, por favor!

acordo à hora do costume - o meu despertador vintage com ponteiros luminosos é das poucas peças que trouxe de casa dos meus pais. carrego no interruptor, mas o quarto não se ilumina. levanto-me caminho “aos apalpões”. chego à casa de banho e aqui, também, a lâmpada nega-se a sorrir. vou à primeira gaveta do móvel à entrada da cozinha, onde penso ter guardado uma lanterna – cheguei lá apenas com um incidente com o vaso do corredor e um ligeiro surfar no tapete da entrada. abro a gaveta, apalpo e encontro a dita cuja, começo a dar ao dínamo – esta é de sobrevivência e ecológica. ilumino o caminho até ao quadro elétrico. verifico e está tudo bem. será que não paguei a conta?! toina, claro que pagaste…tens débito direto dahhhh. será que tenho dinheiro na conta?! bem… penso que sim!

e assim, num ápice, caio em mim. se não há eletricidade, não há internet. não há televisão, nem rádio! como vou eu saber do mundo?! comunicar com o mundo?! eu bem sabia que devia ter resolvido a questão do telemóvel. mas estando em casa e constantemente ao computador, comunicando com todos por meios digitais, fui sempre adiando. e agora…estou isolada!

 

angústia

imagem retirada daqui

 

não posso sair de casa, não tenho telemóvel nem eletricidade. começo a sentir-me ansiosa. angustiada. não consigo parar de andar de um lado para o outro. estou demasiado agitada, não consigo acalmar. sinto que o mundo pode estar a desabar e eu sem nada saber! respiro fundo, tento lembrar-me do curso de meditação que fiz (e que nunca consegui aplicar no meu dia-a-dia). nada funciona. sinto-me a sufocar. apetece-me gritar mas a voz não sai. começo a sentir tremores frios. aprisiono-me nos meus braços mas a calma não chega. vou a janela, respiro profundamente, o ar “dói” ao entrar-me nas narinas. as ruas estão desertas. fecho os olhos, encosto-me a parede e deixo-me cair lentamente até me sentar no chão. fico assim, estática, até que ouço um ruído que reconheço bem: o ruido do modem quando está a ligar. voltou! estou de novo ligada ao mundo. corro para o computador, ligo-o e entro na minha rede social que me questiona: “em que está a pensar, mami?” eu, ainda emocionada, consigo apenas escrever: “atualizem-me, por favor!”

após publicar a minha mensagem, olho para o canto inferior direito do meu computador e verifico que passaram apenas 15 eternos minutos desde que acordei. 15 longos e dolorosos minutos de isolamento social!

bolo da páscoa - receita

o período de quarentena tem desenvolvido em mim uma forte apetência pela arte culinária e pela sua degustação. razões pelas quais prevejo que a mesma acabe comigo uma expert em padaria e pastelaria e com mais 10kg neste singelo mas nunca magro albergue da minha alma.

porque sei que não estou sozinha nesta viagem partilho convosco uma receita de bolo da páscoa. para os locais onde a páscoa é comemorada à segunda ainda vou a tempo, se não for o caso, fica a certeza de que para o ano a páscoa volta!

 

bolo da páscoa

 

bolo da páscoa

(receita para dois pães)

ingredientes

1kg de farinha de trigo

200g de açúcar

125g de manteiga

30g de fermento de padeiro fresco ou 1 saqueta de fermento seco (11g)

10 ml de vinho do porto

9 ovos

casca de meio limão

1 pau de canela

1/2 colher de café de sal fino

1/2 chávena de água

 

preparação

1 - derreta a manteiga com a casca de limão e o pau de canela em lume brando. quando estiver derretida acrescente o vinho do porto e deixe apurar em lume brando (sem deixar ferver). retire do lume e deixe arrefecer até a mistura ficar morna.

2 - misture numa taça grande a farinha, o açúcar, o fermento e o sal. adicione a água e a mistura da manteiga. amasse bem com as mãos e vá acrescentando os ovos. amasse até obter uma massa homogénea e conseguir fazer uma bola. coloque a bola no centro da taça.

3 - deixe repousar a massa, tapada, num local quente por aproximadamente 3 a 4 horas.

4 - passado o referido tempo a massa terá crescido significativamente. amasse de novo e divida a massa em dois. faça dois bolos e deixe repousar na forma, sobre papel vegetal durante mais 15m.

5 - coloque no forno pré-aquecido a 200º por cerca de 20 min (poderá precisar de mais consoante o forno, vá verificando com o palito, se estiver a queimar por cima tape com papel alumínio).

 

- fica uma delícia -

no entanto o aspeto deveria ser este:

folar da páscoa

há uns aspetos a rever no acabamento 

 

deixo também aqui a inspiração do coelhinho que decora o bolo (feito com a bela mão da minha princesa )

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parto normal vs cesariana

antes de começar deixo a nota de que cada mulher é um ser único, sente e vive as coisas de uma forma muito pessoal. esta é a minha partilha pessoal de como vivi e senti cada um dos tipos de parto: primeiro uma cesariana de emergência e depois, passados 27 meses, um parto normal.

sou um ser mega cagufa, que não nutre simpatia alguma pela dor e que agradece a existência dos fármacos. na minha família as mulheres tiveram sempre partos complicados: pouca dilatação, episiotomia - corte no períneo-, extração com ventosas e/ou fórceps – tudo depois de muiiiitaaaasssss horas em trabalho de parto. dado este cenário sempre tive pavor de um parto normal.

durante as gravidezes tentei relativizar a questão do parto, visto ser uma inevitabilidade. no entanto, nas últimas semanas de gestação é quase impossível não pensar nesse momento. as aulas de preparação para o parto e parentalidade ajudam neste aspeto, vão tornando o momento gradualmente mais “real” e dão-nos a sensação que “não vamos às cegas” – embora em boa verdade vamos, porque dificilmente as coisas saem como “treinamos”.

na primeira gravidez embora estivesse tudo previsto para ser parto normal, como a minha princesa decidiu sentar-se, acabei por ser submetida a uma cesariana de emergência. confesso que tenho apenas flashbacks de todo o processo. tinha contrações regulares e intensas que tive de aguentar por mais 5 horas após entrada na maternidade - visto que para me ser administrada a epidural teria de ter um jejum de no mínimo 6 horas. após este período segui para o bloco de partos e lembro-me da paz que senti após a epidural (anestésica) começar a fazer efeito. lembro-me de ter rido após uma das enfermeiras me ter informado que me iam prender os pulsos  (fiquei como os braços abertos, tal qual cristo na cruz). a partir daqui pareceu-me tudo muito rápido. embora saiba que não foi. na minha ignorância eu achava que na cesariana era tudo muito simples: era abrir e tirar a bebé. no meu caso não foi assim tão simples, o médico teve de fazer algum esforço para conseguir tirar a bebé – até se via suor na tua testa! por duas vezes senti-me a “apagar” durante o parto, mas a anestesista, que foi a minha companhia durante todo o parto, era super atenta e profissional e resolveu sempre a situação. a bebé nasceu às 22h00. depois veio o segundo momento hilariante do parto: a aspiração. novamente não resisti a rir. senti-me como aqueles sacos de arrumação “a vácuo” onde se tira o ar com o aspirador, muito divulgados na televendas.

no dia seguinte senti a força da gravidade assim que pus os pés no chão, foi uma dor horrível e parecia que todos os meus órgãos estavam a ser puxados para o chão, nem conseguia endireitar as costas. rir, tossir, levantar, sentar, tudo doía, tudo o que implicasse esforço abdominal, mesmo estando sedada com morfina e posteriormente com um primo da morfina – abençoados fármacos! a cinta pós-parto dava algum conforto, parecia que mantinha “tudo” ali aconchegadinho. a primeira semana foi dura, na segunda foi melhorando. gradualmente tudo ficava mais fácil. tive muito cuidado para não fazer “asneiras” e ter uma boa recuperação.

na segunda gravidez, visto os partos ocorrerem num intervalo superior a 24 meses, o parto seria, à partida por via vaginal. confesso que o meu receio de um parto normal era tão grande que mantinha a esperança de uma segunda cesariana, mas tal não aconteceu. o meu príncipe nasceu por parto normal.

contrações fortes e ritmadas. percurso para a maternidade. internamento na maternidade à espera de alcançar 3 dedos de dilatação - sem atingir esse marco não nos levam para a sala de partos. 6 horas de contrações, com um analgésico injetável que em nada aliviou as dores, verificações pontuais da enfermeira para verificar a dilatação. na última verificação a enfermeira, não o dizendo, rebentou-me “o saco”, foi uma dor indescritível. confesso que chorei. já estava cheia de dores e aquele momento foi tão doloroso que já não aguentei e cedi. mas vá, a vantagem é que após esse momento fui para o bloco de partos. passado uma hora já estava com a epidural (analgésica) e tinha o meu companheiro a meu lado. agora era só esperar que o meu corpo cooperasse e se desse a dilatação. até deu para dormir uma soneca de tão maravilhosa que era a ausência de dor. passadas mais seis horas estava a dilatação feita, 10 dedos simpáticos! – na última hora houve a ajudinha da querida ocitocina.

a equipa foi super querida e simpática. sentia-me uma atleta olímpica com uma claque motivadora (sim porque o número de estagiários era significativo). não senti dor absolutamente nenhuma. senti, por vezes que não ia conseguir, porque ao fazer força não aguentava o tempo suficiente. mas lá consegui, com a ajuda de episiotomia. o bebé nasceu às 16h00. alguns aspetos menos simpáticos: sim, pode fazer-se coco em consequência da força; as hemorroides podem ser uma consequência pouco simpática e, tive o azar de que quem me deu os pontos da episiotomia foi uma médica estagiária (com pouco jeito) – não senti dor nenhuma era mais o stress de a ver a fazer e desfazer pontos com a orientação da médica sénior (já quase a bufar).

nessa noite quando me pus de pé não houve dor catastrófica. pensei que poderia ser de estar ainda sob o efeito da epidural. mas afinal não. no dia seguinte estava igual. tinha algum desconforto em consequência das hemorroides e dos pontos (nesta ordem), mas suportáveis e geríveis com paracetamol, ibuprofeno, creme e gelo. pude autonomamente tratar do meu bebé. podia rir - pese a fase que se estava a viver, embora o tossir não fosse agradável. a recuperação foi super rápida.

não haja ilusões: o parto implica dor, para quem aceitar os fármacos, a dor, à partida, poderá ser sentida antes e depois. para mim que tive uma cesariana de emergência, não prevista e tendo por isso sentido as intensas contrações, a única diferença entre os dois partos (ao nível da dor) foi a recuperação e, neste aspeto, prefiro sem dúvidas o parto normal.

o nosso receio da dor poderá faz-nos acreditar que a cesariana é mais simpática. mas é importante recordar que o parto não se resume ao momento do nascimento, há que enfrentar o depois … que dura mais tempo e, de certa forma, exige mais de nós.

parto normal vs cesariana

 

não tenho tempo para vos aturar

quer dizer, tempo até tenho, mas paciência…  ai que essa está com as reservas em baixo.

a culpa não é (só) tua. é tudo isto, envolto em incerteza, que consome as minhas energias.

neste cenário o teu queixume em nada ajuda, nada traz de novo ou de profícuo para melhorar a situação e, assim sendo, torna-se dispensável.

por isso, com um grande sorriso agradeço que não partilhes a tua bílis com quem tenta estar bem, finta os receios, procura passar este tempo da melhor forma, aproveitando o estar juntos com o tempo que nunca tivemos e que, quando voltarmos à normalidade - porque voltaremos, nunca teremos.

não me ligues para partilhar a tua negatividade - que é tão exagerada quanto o silicone de muitas!

confesso que nunca percebi as pessoas que preferem viver na desgraça, no lado negro da vida, no “ai, ai, ai que me dói o dedo gordo do pé”. por favor pensa, pensem, em quem está efetivamente com problemas sérios, que em muito (anos luz) superam a desgraça de ter de ficar no quentinho das suas casas. claro que pessoas como tu irritam-se pelo queixume. outras irritam-me pela desvalorização de tudo isto e pelo seu comportamento irresponsável - quiçá o problema sou eu que ando irritadiça! 

arrepiam-me as pessoas que sabendo que estão doentes com este vírus usurpador e promiscuo que está sempre pronto para “saltar à espinha” da próxima vítima, se andam a pavonear por espaços comuns com uma total falta de noção cívica ou respeito pelo outro. quem raio consegue ser tão egoísta e irresponsável?! custa-me que indivíduos adultos precisem de amas (forças de segurança) para cumprir as regras dos paizinhos! (entenda-se governo). raios, mas quem educou estes energúmenos?! sim, para todos vocês, que provavelmente não me leem porque estão a passear numa praia ou num supermercado, façam-me um favor: cresçam! humanizem-se! destrumpem-se! desbolsonarem-se!

irresponsabilidade no covid

imagem retirada daqui

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