a minha vida sempre foi muito preenchida do ponto de vista afetivo e social. nunca excluí a maternidade, mas nunca fiz dela uma prioridade; até que chegou o momento em que soube que o tempo/idade iria impedir que a escolha continuasse a depender da minha vontade.
foi nessa tomada de consciência que questionei o.mais.que.tudo. sobre a sua vontade de ser pai. e assim, de forma consciente e adulta, avançamos para o projeto mais importante e de maior responsabilidade das nossas vidas.
o processo foi moroso, com alguma ansiedade à mistura - a possibilidade de não ser possível tornava a gravidez ainda mais desejada, estranho feitio humano! - finalmente, pouco mais de uma ano após termos começado a tentar, lá engravidamos (sim, sei que que engravida é a mulher, mas acredito que o estado é do casal). a gravidez decorreu dentro da normalidade (não sou apaixonada pelo estado de graça, pois os meus medos e o não ter a certeza que está tudo bem, a cada momento, atrofia-me o cérebro!). o parto não correu como previsto, mas no final correu tudo bem e a minha princesa veio iluminar os meu dias (e noites!).
com ela nasceu também uma certeza: queria que ela pudesse vivenciar a relação fraterna. quiçá por eu ser de uma família onde somos três irmãos e saber do bem que nos fazemos, de amar os meus sobrinhos e adorar as festas de família com casa cheia. também por me assombrar a ideia de que a pequena não tem pais muito jovens e tendo em conta a esperança média de vida, ela ficaria "sozinha" no mundo relativamente cedo - na consciência que os laços de sangue nada garantem, mas acreditando numa educação promotora dos valores da família e da fraternidade.
o problema: o papá não partilhava da mesma visão e, assumamos, um filho não é algo que se imponha a ninguém.
após algum tempo, vários lembretes do tic-tac biológico feminino, e alguma persistência de quem acredita nas suas certezas... o papá lá se convenceu (ou desistiu pelo cansaço ). agora, olhando para trás, acho que sempre gostou da ideia, mas não estava preparado visto estarmos no meio da tempestade de pais de primeira viagem.
e lá entramos, novamente, no processo. cinco meses depois o jackpot. e agora o misto entre a felicidade e, novamente, a ansiedade, o nervoso miudinho e o ardente desejo que corra tudo bem - porque agora não somos só dois.
gostar de escrever é uma paixão. mas a escrita nem sempre flui e muitas vezes torna-se um desafio.
como não gosto de desistir de paixões, tento encontrar maneiras de aguçar a criatividade e de me obrigar a escrever - no meu caso, muitas vezes não é a falta de conteúdos, mas o não saber como lhe dar forma, interesse, vida!
acompanho desde 2019 os desafios do plano nacional de leitura - quer para a leitura, quer para a escrita. em 2020 decidi abraçar um desafio mensal de escrita. embora os desafios sejam pensados para crianças e jovens em idade escolar, a verdade é que qualquer um de nós pode neles inspirar-se, e é isso que decidi fazer.
paralelamente, inscrevi-me na segunda edição do desafio de escrita "os pássaros" (após ter falhado a primeira edição). pelo que consegui acompanhar da primeira edição este desafio permite uma grande interação entre os blogs e seus autores, para além do comprometimento com o projeto e a escrita - sem pretensões, só pelo prazer de criar. consultem aqui o desafio e inscrevam-se!