uma viagem de nove meses
os últimos meses têm sido uma viagem com muitos altos e baixos.
a viagem começou com a certeza da tua existência, com a felicidade de saber que irias fazer parte das nossas vidas.
por feitio, paranoias e receios mantive-te escondidinha, só o papá e eu sabíamos da tua existência.
o papá achou que era egoísmo não partilhar a boa nova com aqueles que sabíamos que te iriam amar desde o momento que soubessem de ti… mas a mamã continuava com muito medo de gritar ao mundo tão grande fortuna. aos poucos fomos revelando a tua existência.
depois veio o receio, o medo. achámos que não estavas bem, que não iriamos conhecer-te. o sonho transformou-se em pesadelo; em ânsia, em diversas formas de medo. medo de perder-te ainda antes de conhecer-te. entre exames e resultados foram as duas semanas mais duras que já vivi, perdi o norte, não conseguia concentrar-me e a lágrima estava sempre à espreita. quando chegaram os resultados não fui capaz de os ler. foi o papá -sempre forte e determinado-, que me deu a boa nova: tudo estava bem contigo! tenho esse momento gravado em mim, pormenor a pormenor.
tens sido uma bebé maravilhosa, tens sido um docinho para a mamã. sem enjoos, azia ou dores. vá, tiraste-me o sono algumas noites, mas como dizem “é um estágio para o que aí vem”.
já imaginamos cada bocadinho de ti. discutimos o teu nome. preparamos o teu quarto.
estamos todos à tua espera. não te faças de rogada. faz favor de nos dar um ar da tua graça.
nota: não é para pressionar, mas ouvi dizer que se não saíres por tua iniciativa … vais receber, em breve, uma ordem de despejo … coerciva!